BC indica tombo de 11% do PIB brasileiro no segundo trimestre
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) divulgado pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira (14) projeta queda de 10,94% da economia brasileira no segundo trimestre de 2020.
O indicador é considerado uma “prévia” do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), que corresponde ao valor agregado na economia ao longo do ano. O resultado oficial da produção será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1º de setembro.
Se a retração do PIB se confirmar no segundo trimestre deste ano, o Brasil terá entrado oficialmente em “recessão técnica”, ou seja, recuo do nível de atividade por dois trimestres consecutivos, confirmando as previsões dos economistas.
Nos primeiro trimestre a economia recuou 1,5%. A queda entre abril e junho deste ano foi verificada pelo Banco Central na comparação com o primeiro trimestre de 2020.
O declínio da atividade econômica acontece em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem derrubado a economia mundial e colocado o mundo no caminho de uma recessão. Mas não deve ser atribuída exclusivamente aos efeitos da doença.
Na realidade, a economia nacional já estava estagnada antes mesmo da emergência do novo coronavírus, com um nível de desemprego alto, superior a 12%, e o PIB em marcha lenta.
Os últimos meses emitiram sinais de uma tímida retomada na indústria e comércio. O setor de serviços, que responde por cerca de 70% do PIB e do emprego e foi mais atingido pelos efeitos da pandemia, ainda está longe da recuperação.
O mercado financeiro estimou, na semana passada, uma retração de 5,62% para a economia brasileira neste ano. No mês passado, o governo brasileiro manteve a expectativa de queda de 4,7% para o PIB de 2020.
O Banco Mundial prevê uma queda maior, de 8% no PIB brasileiro, e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima um tombo de 9,1% em 2020, previsão parecida com a da OCDE.
Seja qual for a dimensão real da queda verificada até dezembro veremos neste ano um dos piores resultados do PIB na história do capitalismo brasileiro, que vem no bojo de uma trajetória deprimente.
Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB oscilou 1,1%. Foi o desempenho mais fraco em três anos, consolidando a estagnação verificada desde o golpe de 2016, após dois anos de severa recessão iniciada no final de 2014.
A causa principal desta lastimável performance da produção, ao lado da pandemia do novo coronavírus, é a política de restauração neoliberal inaugurada pelo governo Temer e radicalizada pela dupla Bolsonaro/Guedes.
Para retornar ao caminho do desenvolvimento econômico será necessário mudar substancialmente a orientação econômica, sepultando a ideologia do Estado mínimo. Urge revogar o congelamento dos gastos públicos e ampliar significativamente os investimentos do Estado em obras de infraestrutura, na reversão da indústria e no fortalecimento do Complexo Industrial da Saúde e do SUS.