Bolívia corta relações com Israel, e ex-diretor da ONU ataca: ‘Genocídio’
Israel já deixa mais de 8.500 palestinos mortos na Faixa de Gaza, 3.457 crianças e 2.136 mulheres. Radicais israelenses aprovam e pedem ataques a hospitais
O governo da Bolívia anunciou nessa terça-feira (31) a decisão de romper relações diplomáticas com o Estado de Israel. A justificativa tem base nos crimes de guerra cometidos na Faixa de Gaza, em detrimento do povo palestino. Desde o dia 7, após ataque do grupo armado Hamas, Israel opera uma violenta ofensiva – tendo, inclusive, civis como alvo. Entre eles, unidades de saúde, escolas e abrigos humanitários.
Em entrevista coletiva, a ministra da Presidência, María Nela Prada, e o vice-chanceler, Freddy Mamani, apresentaram a fundamentação por trás da determinação da Bolívia. Eles argumentaram que essa medida está em conformidade com os princípios e objetivos estabelecidos na Carta das Nações Unidas (ONU). O tratado promove os direitos à vida, paz e liberdade, além de expressar seu repúdio a tratamentos cruéis, desumanos e degradantes. Mesmo sendo signatário, Israel não respeita os acordos.
Mensagem à nação
Mamani, em mensagem à nação, explicou: “No âmbito de nossa postura principista de respeito à vida, estamos oficialmente comunicando ao Estado de Israel nossa decisão, como Estado Plurinacional da Bolívia, de romper laços diplomáticos com Israel”. Assim, os representantes governamentais esclareceram que a decisão foi tomada em protesto e condenação à ofensiva militar israelense agressiva e desproporcional na Faixa de Gaza. Que, segundo eles, ameaça a paz e a segurança internacionais, em meio ao contexto do conflito no Oriente Médio.
A ministra Prada, durante o anúncio, caracterizou os ataques de Israel contra o povo palestino como “crimes contra a humanidade” e instou ao cessar das hostilidades. Ela também comunicou a intenção da Bolívia de fornecer ajuda humanitária aos afetados na região por meio do Ministério da Defesa.
Genocídio
A ONU vem alertando para o genocídio do povo palestino. Contudo, acordos de paz fracassam pela oposição dos Estados Unidos, aliado de Israel. Contudo, oficialmente a entidade evita o termo. Então, descreve a situação como possíveis crimes de guerra. Essa abordagem já provocou uma profunda irritação no governo de Israel, que lançou uma ofensiva contra a liderança da organização.
Craig Mokhiber, que se aposentou recentemente do cargo de diretor do escritório em Nova York do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, denunciou como genocídio o que está ocorrendo em Gaza. Em uma carta divulgada ao deixar o cargo, ele criticou o fracasso da ONU e a alegada submissão da entidade aos interesses e pressões dos Estados Unidos.
“Mais uma vez, estamos vendo um genocídio se desenrolar diante de nossos olhos, e a Organização a que servimos parece impotente para impedi-lo. O mundo está assistindo. Todos nós seremos responsáveis por nossa posição nesse momento crucial da história. Nas últimas décadas, partes importantes da ONU se renderam ao poder dos EUA e ao medo do lobby de Israel, abandonando esses princípios e se afastando do próprio direito internacional”, disse Mokhiber.
Apoio dos radicais
Trata-se de uma limpeza étnica. Dos mais de 8.500 palestinos mortos desde o dia 7 de outubro, 3.457 são crianças e 2.136, mulheres. Enquanto isso, autoridades e personalidades israelenses apoiam o massacre, inclusive chamando os árabes de “animais”, entre outras. Hoje, um grupo de rabinos israelenses assinou uma carta apoiando o bombardeio de hospitais em Gaza.
“Não há haláchica (lei religiosa judaica) ou proibição moral, nem uma legal, por bombardear (hospitais) do inimigo após aviso suficiente. Então se sob tal ação for derramado sangue inocente, a culpa recairá exclusivamente sobre as cabeças dos cruéis assassinos (em referência ao Hamas)”, afirmam.