Bolsonaro proíbe Exército de combater incêndio no Pantanal, diz secretário da OAB-MT
O secretário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Mato Grosso, Flávio José Ferreira, afirmou em entrevista ao Fórum Café, na manhã desta terça-feira (15), que o Ministério da Defesa tem proibido o Exército de atuar no combate aos incêndios no Pantanal. De acordo com ele, bombeiros e voluntários são os principais responsáveis por conter as chamas no bioma.
“O Ministério da Defesa proibiu o Exército de ajudar. Segundo o governo, a Marinha que deveria dar o suporte, mas deram suporte com apenas um helicóptero. Há também cinco aviões que não estão sendo utilizados. Quem está combatendo o fogo de maneira árdua lá são os bombeiros do Mato Grosso e voluntários”, disse. “É uma tristeza… Animais mortos, falta de alimentação, se pensa no problema hoje e no amanhã também”, lamentou.
Em seguida, o secretário da OAB-MT disse que o governador do estado, Mauro Mendes (DEM), chegou a pedir pessoalmente ajuda ao Exército, a qual foi negada. Ferreira também criticou o avanço do agronegócio no Pantanal e disse que o meio ambiente tem sido “desrespeitado” na região há anos.
“O próprio governador do estado esteve com o general comandante da 13ª Brigada, que é o comandante aqui do MT, pedindo ajuda do Exército, e o general disse que não poderia fazer nada porque houve uma ordem do Ministério da Defesa de que quem deve apoiar o Pantanal é a Marinha”, conta. “Não entendemos isso. Pedimos ao governo que autorize o Exército”, completou.
O total de focos de incêndio no Pantanal bateu recorde histórico neste ano. Em boletim publicado nesta segunda-feira (14), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que identificou 14.764 focos. Os dados vêm desde 1998 e se referem ao período do ano até o dia 13 de setembro.
O número é 214% maior do que os 4.699 registrados no mesmo período do ano passado, que já tinha sido o mais alto desde 2012. Sob o governo Bolsonaro, com Ricardo Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente, os níveis de queimada no bioma batem recordes.
Em nota, o Ministério da Defesa diz que as “Forças Armadas” estão atuando no combate ao incêndio no Pantanal, mas fala somente de Marinha e Força Aérea Brasileira, sem citar o Exército.
Confira a nota na íntegra:
O Governo Federal, por meio das Forças Armadas, vem atuando decisivamente e sem poupar esforços, no combate aos incêndios no Pantanal, desde que os governos estaduais solicitaram apoio, como pode ser facilmente constatado a seguir.
As Forças Armadas estão atuando no combate a incêndios na região do Pantanal, desde 25 de julho. Inicialmente, atendendo à solicitação do governo do Estado do Mato Grosso do Sul e, posteriormente, do Mato Grosso, cuja área do Pantanal também passou a ser contemplada a partir de 5 de agosto.
O Centro de Coordenação da Operação, conduzido pelo Comando do 6º Distrito Naval (Com6ºDN), está instalado no aeródromo do Sesc Pantanal, no município de Poconé (MT), ponto estratégico para o emprego dos meios.
Além das Forças Armadas também participam da Operação: o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM), o Corpo de Bombeiros do Mato Grosso e o do Mato Grosso do Sul, o Serviço Social do Comércio (SESC) do Mato Grosso e o do Mato Grosso do Sul, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Desde início da operação, em coordenação com os órgãos federais e estaduais, é realizado um planejamento e distribuição das equipes para atingir os focos principais por meio de reconhecimento aéreo e de dados gerados pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM).
Desta maneira, há uma integração das equipes para serem distribuídas em campo e a utilização das aeronaves para conter os focos de incêndios, visando a máxima eficácia e eficiência dos meios.
Nos últimos dias, foram realizados combates a focos de incêndio no município de Poconé, na região de Porto Jofre e Parque Estadual Encontro das Águas e na Fazenda Rio Novo em Barão de Melgaço, no Mato Grosso.
Estima-se que os focos de incêndio concentrados em Poconé, Barão de Melgaço (MT), e uma área em Porto Jofre, já tenham passado por redução superior a 72%, conforme relatório emitido em 23 de agosto pelo Corpo de Bombeiros de Mato Grosso.
Os focos na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal, uma das áreas mais afetadas, diminuíram em 97%.
No Mato Grosso do Sul praticamente todos os fogos foram contidos, permanecem apenas alguns na região noroeste do estado
Cabe ainda destacar que, na última sexta-feira ((11), a Marinha do Brasil participou do resgate de um filhote de onça-pintada com as patas queimadas no Pantanal mato-grossense. O helicóptero Super Cougar (UH-15) foi acionado para levar o animal da região de Porto Jofre para o Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Este é o segundo resgate de onça realizado na Operação. O primeiro foi realizado em agosto por uma aeronave H-60L Black Hawk da Força Aérea Brasileira (FAB).
Em 40 dias de Operação, estão sendo empregadas 14 aeronaves das Forças Singulares, como os helicópteros UH-12, UH-15, HM-1 e H-60, além dos aviões C-130, C-98 e C-105, e que contabilizam cerca de 308 horas de voo.
Somam-se aproximadamente 40 viaturas e duas embarcações utilizadas diariamente no transporte de brigadistas e no despejo de água para conter as chamas. Em média, estão engajados nas atividades 200 militares e 230 agentes de órgãos parceiros.
As Forças Armadas irão continuar colaborando nas ações, enquanto se fizer necessário.