Brasil costura acordo comercial entre o Mercosul e o Japão
Em paralelo às tratativas que o governo brasileiro estaria fazendo internamente para acelerar o acordo assinado em 2019 entre o Mercosul e a União Europeia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem costurando um pacto de cooperação com o Japão.
Nesta quarta-feira, 10, Lula conversou por telefone com o primeiro-ministro, Fumio Kishida, em mais uma sondagem de parte a parte sobre um eventual acordo entre o bloco de países sul-americanos e a maior potência da Ásia Central.
Na conversa, Lula e Kishida falaram sobre a possibilidade do acordo comercial entre o Mercosul e o Japão e temas da agenda bilateral para o fortalecimento da parceria estratégica e do comércio entre os dois países.
Em 2024, o Brasil preside o G20 – grupo das 20 maiores economias do mundo. De acordo com o Palácio do Planalto, o presidente brasileiro e o premier japonês trataram sobre a cooperação em foros internacionais multilaterais em prol da paz, da democracia e da superação da pobreza, temas prioritários do Brasil na presidência do G20.
No ano passado, quando esteve em Hiroshima, Lula foi convidado por Kishida para participar, como convidado, da cúpula do G7, bloco que reúne sete das maiores economias do mundo. Na ocasião, o brasileiro manifestou a “vontade de que o Japão esteja envolvido em todas as instâncias de discussão do G20 neste ano”.
Lula realçou a necessidade de trazer o debate sobre as mudanças climáticas e energias renováveis para o centro das discussões do G20. “O Brasil irá lançar no G20 uma aliança global contra a fome e a pobreza e que a superação das desigualdades é fundamental para a defesa da democracia”, destacou a presidência em nota, lembrando que em 2025, Brasil e Japão completam 130 anos de relações diplomáticas.
Ainda segundo o Planalto, Lula expressou solidariedade ao povo japonês e em particular às vítimas dos terremotos do dia 1º de janeiro. O tremor de magnitude 7,5, que atingiu a península de Noto, e as mais de 1,2 mil réplicas seguintes provocaram o desabamento de prédios e deram início a incêndios. Foram registradas 202 mortes até esta terça-feira, 9.
“Os dois líderes falaram também sobre a defesa da paz e da superação dos conflitos em andamento no mundo. Concordaram sobre a importância do fortalecimento das instâncias multilaterais para que guerras como a de Gaza e a da Ucrânia não venham a se repetir”, informou a Presidência.
União Europeia
Enquanto isso, o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, assinado em 2019, depois de duas décadas de negociações, permanecia estagnado até a última terça-feira, 9, quando uma conversa por telefone entre o chanceler alemão Olaf Scholz e o presidente argentino Javier Milei deixou o governo brasileiro em alerta.
Ocorre que o Palácio do Planalto vem articulando em torno do pacto comercial com a EU antes que um aventureiro de ultradireita o faça, Milei, no caso.
“O presidente argentino e o chanceler alemão discutiram as negociações para concluir o acordo comercial há muito paralisado entre a UE e o bloco comercial sul-americano Mercosul”, revelou o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit.
Foi Scholz quem ligou para Milei. Eles discutiram questões bilaterais e multilaterais, bem como o acordo de associação entre a União Europeia e os países do Mercosul. E concordaram que as negociações sobre o acordo deveriam ser finalizadas em breve, informou.
O acordo de livre comércio assinado em junho de 2019 nunca foi ratificado e desde então e a UE vem tentando incluir no pacto requisitos e obrigações ambientais mais rigorosos para os países latino-americanos. O Brasil é um dos países do bloco que se opôs às premissas ambientais para a ratificação do acordo.