Brasília: Greve de fome e mobilizações marcam luta dos trabalhadores contra a Reforma da Previdência
O Congresso Nacional e o Aeroporto Juscelino Kubsticheck, na capital federal, têm abrigado protestos de diversas categorias contra a Reforma da Previdência, que pode ser votada no próximo dia 19. Entidades, movimentos sociais, servidores públicos e demais trabalhadores do campo e da cidade seguem mobilizados contra a PEC 287, que propõe mudanças nas regras para a aposentadoria, como o aumento da idade mínima e da contribuição previdênciária. Hoje (12) camponeses do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) completaram 8 dias de greve de fome na Câmara dos Deputados. O grupo, cujo alguns integrantes já dão sinais de debilidade física, avisa que só vai sair e se alimentar quando a proposta for rejeitada pela Casa.
A greve do MPA tem o apoio da Contag, entidade que permaneceu durante toda esta terça-feira em frente à Câmara e no aeroporto de Brasília, em protesto contra a Reforma.
A Confederação pediu aos parlamentares que não aprovem a PEC da Previdência pois, ao contrário do que diz o governo, ela prejudica, sim, os trabalhadores rurais, com medidas como a exigência de uma contribuição previdenciária mensal, com valor mínimo pré-fixado para cada membro da família e a comprovação de 15 anos de contribuição. “Se votar não volta!” é o recado dos manifestantes que ocupam o Congresso Nacional para os parlamentares.
No Plenário 12, “As Ameaças do Atual Governo aos Direitos dos Servidores Públicos Federais” foi tema de audiência promovida hoje pela Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP), com a presença dos colegiados FONACATE, FONASEFE e entidades como a ANFIP, FENAJUFE e FASUBRA-SINDICAL. A Reforma da Previdência e o discurso do governo atacando os servidores, classificando a categoria como privilegiada, foram fortemente combatidos durante a discussão.
Segundo o representante do FONACATE, Rudinei Marques, “o governo aplicou R$100 milhões numa propaganda mentirosa dizendo que a reforma é para combater privilégios.
Na verdade, essa reforma ataca direitos sociais e trabalhistas conquistados ao longo de décadas de lutas. Ela ataca diretamente trabalhadores da iniciativa privada, do campo, da cidade e os servidores públicos de igual modo. Portanto, nesta reta final não podemos vacilar – vamos manter força total contra a Reforma da Previdência”.
Votação
Em entrevista à Agência Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que pretende começar a discussão da PEC 287 no Plenário a partir de quinta-feira (14). Ele disse ainda que, se o governo conseguir os votos, a proposta poderá ser votada a partir de terça-feira (19).
Maia destacou que a proposta não vai sair da pauta da Câmara enquanto não for aprovada e que não “vai jogar a toalha”.
O líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que a oposição pretende obstruir todas as votações em Plenário, na Câmara e no Congresso, até que o governo desista de votar a reforma da Previdência.
Vice-líder da Minoria na Casa, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) criticou o discurso do governo. “Esta reforma não tem nada de combate a privilégios, mas propõe cortes no valor das aposentadorias de 30%, 40%, 50% para pessoas que, pela regra atual, se aposentariam com R$ 1.500, R$ 2.000, R$ 2.500 por mês”, disse.
Para Fontana, é inaceitável que o governo altere o pacto previdenciário sem nenhuma regra de transição. “Um trabalhador que está esperando para se aposentar dentro de três meses com R$ 2.000 pode ter um corte de R$ 800 no benefício após essa reforma”, explicou.
“Essa reforma, na transição, joga as pessoas com deficiência para fora do sistema, 70% dos trabalhadores rurais estarão excluídos do sistema previdenciário brasileiro”, afirmou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).