Capitalismo, sempre o mesmo!
Por José Nivaldo Mota*
Lendo o artigo do jornalista, escritor e fotógrafo Mauro Donato, publicado no dia 11/08/16 na Tribuna Independente, que versa sobre a questão dos ricos sempre mais ricos e dos pobres sempre pobres, necessário se faz uma reflexão mais aprofundada sobre o tema!
O título do artigo sugere de imediato a uma leitura mais apurada, “Pobres são os mesmos”, quando adentramos na leitura propriamente dita, ficamos estupefatos, não que temos nenhuma esperança que o capitalismo vá ser humanizado como propõe muitas tendências políticas, inclusive de esquerda, mas pelo fato de que temos uma campanha midiática gigantesca no mundo globalizado como um todo, colocando que há saídas dentro dos marcos do capitalismo, portanto nos cabe aceita-lo como tal, porque, mesmo sendo desigual, ainda a possibilidade de mobilidade social para aqueles que nascem em famílias pobres.
Essa tese da mobilidade social cai por terra, em pesquisa realizada por dois economistas italianos (Guglielmo Barone e Sauro Moretti, do Banco Central Italiano), sobre um censo realizado em Florença, no ano de 1427, quando do cruzamento dos dados de 2011, na mesma cidade e região da Toscana, veremos que os pobres continuam pobres, os ricos mais ricos ainda.
A pesquisa feita pelos dois economistas se baseou nos nomes e sobrenomes das famílias daquela região, os mesmos pobres de 1427, são os mesmos de hoje, cadê a tal mobilidade social dentro do capitalismo, tão propagandeado pela mídia, escolas, igrejas e outras instituições.
Vejamos alguns pontos da pesquisa: “Num arco de seis séculos, mais precisamente após 584 anos, as famílias mais ricas em 1427 eram as mesmas em 2011. E ainda: os sobrenomes dos contribuintes mais pobres também não havia mudado”.
Incrível isso, mas não foi só pesquisado a cidade de Florença, o capitalismo é global, como tal, merece mais observações a respeito deste sistema que parece invencível diante das mentiras que conta continuamente no mundo.
Como bem diz o autor do artigo, numa assertiva concreta, “Nas estatísticas, desde então s renda per capita em Florença foi multiplicada por doze, a população cresceu dez vezes mais. Porém os mais ricos continuam sendo os mais ricos e os mais pobres permanecem ralando dia e noite para chegar lá, sem sucesso”.
De fato, onde está mesmo a tal da mobilidade social, tão apregoada pela propaganda capitalista?
Mas se verificarmos no mesmo artigo, não foram somente os italianos que passam pelas agruras do sistema capitalista. “Pesquisadores ingleses também já tinham feito outro levantamento no qual ficou demonstrado que famílias da Inglaterra são ricas e poderosas há 28 gerações. Uma prova de que o 1% está no alto do pódio há mais de 800 anos”.
Se pararmos para pensar no Brasil, quando pesquisamos a revista Forbes, por exemplo, com o seu primeiro ranking sobre as famílias mais ricas em nosso país, veremos que de 1987, quando foi publicado pela primeira vez, brasileiros como Roberto Marinho, Sebastião Camargo e Antônio Ermírio de Moraes, apareciam no topo da pirâmide social no Brasil.
“vinte e sete anos depois, em 2014, já eram 65 os bilionários brasileiros na lista e lá continuavam os Marinho, os Camargo e os Moraes”. Com um detalhe da pesquisa interessante, “dos 65 brasileiros, 25 eram parentes”.
Não temos dúvidas, o capitalismo é o fracasso social, não temos saída dentro deste sistema, ou a humanidade avança para o socialismo, ou avançamos para a barbárie. Pesquisadores sérios, já ultrapassaram esta consigna política, para eles, vivemos uma hera de holocaustos da humanidade. Não sem razões de pensarem assim, por que vejamos, se pegarmos por baixo, os quatro conflitos em que os capitalistas promoveram (Iraque, Afeganistão, Líbia e Síria), sob o comando dos Estados Unidos, nos últimos vinte anos, quando milhões de civis inocentes já foram mortos pelos seus bombardeios cada vez menos cirúrgicos, mas também pela fome, caso do Iraque durante o criminoso bloqueio econômico imposto aquele país nos anos 90.
A pesquisa veio só constatar o que é o capitalismo, o sistema que se baseia no roubo delinquente, que priva o conforto para a maioria da população, que trabalha mais e ganha menos, seja aqui no Brasil, como também no mundo capitalista como um todo.
*José Nivaldo Mota é vice-presidente do Sinpro-AL.
**Os textos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não necessariamente traduzem o posicionamento da Contee.