Censo desvenda o Brasil quilombola; Nordeste concentra maioria das comunidades
Censo aponta para a existência de 8.441 localidades quilombolas no Brasil, vinculadas a 7.666 comunidades. O levantamento é inédito
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta sexta-feira (20), em São Luís (MA), o “Censo Demográfico 2022: Localidades Quilombolas”, um amplo retrato dos quilombos no País. O mapa do Brasil quilombola revela que a concentração dessas localidades é maior no Nordeste, especialmente no Maranhão.
Conforme o IBGE, a definição de quilombo envolve questões étnicas, históricas e sociais. Uma localidade do território nacional só é reconhecida como um quilombo se atender a algumas condições: que lá exista um “aglomerado permanente de habitantes quilombolas”; que esses moradores estejam “relacionados a uma comunidade quilombola”; que essa comunidade conte com “no mínimo 15 pessoas declaradas quilombolas cujos domicílios estão a, no máximo, 200 metros de distância uns dos outros”.
Uma mesma comunidade pode ser composta por mais de uma localidade. Assim, o Censo aponta para a existência de 8.441 localidades quilombolas no Brasil, vinculadas a 7.666 comunidades. O levantamento é inédito.
O Nordeste responde por 5.386 dessas localidades, totalizando 906.337 pessoas quilombolas. A região é seguida pelo Sudeste (1.245) e pelo Norte (1.228). Entre os estados, há mais quilombos no Maranhão (2.025), na Bahia (1.814) e em Minas Gerais (979). Juntas, essas três unidades federativas abrigam 57% das localidades quilombolas brasileiras.
Uma única capital, Macapá (AP), registra a existência de quilombos. São 56 localidades do gênero. As cidades com mais localidades quilombolas são Alcântara (MA, com 122), Itapecuru Mirim (MA, 121) e Januária (MG, 101).
“As comunidades quilombolas possuem diferentes configurações espaciais. A definição das localidades busca estabelecer critérios padronizados para identificação dos lugares caracterizados pela residência habitual de conjuntos de pessoas pertencentes a essas comunidades”, afirma Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE.
De acordo com Damasco, “os parâmetros adotados procuraram garantir a confidencialidade das informações étnico-raciais, e, ao mesmo tempo, viabilizar a melhor identificação possível da ocorrência espacial de agrupamentos de pessoas quilombolas. Foram também submetidos à consulta prévia às lideranças quilombolas, de modo que o mapeamento refletisse a diversidade territorial das comunidades.”
Por André Cintra