Centrais e movimentos lançam jornada de ações contra os juros altos nesta sexta

A atual política de juros do Banco Central (BC), comandada pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto, insiste em manter a Selic em 13,75%. Isso causa desemprego e o aumento do endividamento da população. E ainda prejudica a produção

As centrais sindicais e os movimentos populares lançam nesta sexta-feira (16) jornada de mobilização pela redução da taxa de juros no Banco Central (BC), a Selic. A atual política monetária, comandada pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, insiste em manter a Selic em 13,75% ao ano. O argumento, falacioso segundo especialistas, é o de conter a inflação.

A ação, que já começou nas redes sociais, terá também atos nas ruas a partir deste dia de lançamento da jornada. E será repetida no dia 20 (terça-feira), data em que o Comitê de Política Monetário do Banco Central (Copom) se reúne para definir a taxa de juros referencial praticada no país (confira calendário no final da reportagem).

Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Campos Neto despreza todo o esforço do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A cada mês indicadores oficiais mostram queda dos índices de inflação. Segundo o IPCA, em maio ficou em 0,23%, abaixo dos 0,61% de abril. A soma é de 3,94% em 12 meses. É o menor índice dos últimos três anos.

Juros altos dificultam o crescimento da economia do país

Ao insistir em uma política de juros altos, o BC piora, de maneira direta, a vida da população brasileira e também de empresas. Daí o movimento sindical e movimentos populares consideram um boicote do BC ao governo Lula.

“A taxa de juros do Brasil, que é a maior taxa do mundo, dificulta o crescimento da economia, a geração de empregos e provoca um aumento do endividamento das famílias brasileiras. Com juros mais altos, contas a pagar ficam mais altas, o que impacta diretamente no orçamento do brasileiro”, disse a economista do Dieese Vivian Machado.

Apenas o sistema financeiro lucra com a taxa Selic alta. Segundo o Dieese, os cinco maiores bancos do país obtiveram um lucro líquido de cerca de R$ 106,7 bilhões em 2022.

Saiba como os juros altos prejudicam o país

1 – Aumentam as dívidas da população

Quem tem dívidas a pagar é penalizado com o abuso de cobrança de juros, já que a Selic é taxa de referência para o sistema financeiro. Ou seja, quanto mais alta a taxa definida pelo Banco Central, mais as instituições financeiras aumentarão os juros praticados em linhas de crédito, como financiamentos, empréstimos, cartão de crédito, até mesmo as prestações da casa própria.

Com isso o nível de endividamento, que já bateu recorde em 2022, tende a aumentar ainda mais. Os brasileiros não estão conseguindo pagar suas contas e continuarão tendo dificuldades caso a taxa não baixe. Para a economia, a consequência é menos dinheiro para o consumo, menos produção e menos empregos.

2 – Renegociações impraticáveis

Com juros altos, o parcelamento de dívidas se torna inviável para a população, cuja renda já é apertada para o orçamento doméstico e as necessidades básicas. Ao tentar renegociar, quitar suas dívidas e sair da inadimplência, acaba se deparando com taxas exorbitantes. Os juros acabam ficando tão caros como se fosse uma promoção às avessas – “compre um e pague dois”.

Em muitos casos, os juros cobrados podem chegar a mais de 50% do valor do bem comprado ou do valor renegociado. E, neste caso, se torna uma bola de neve, uma dívida sem fim em que a solução são parcelas em um ‘sem número’ de vezes.

3 – Desemprego

Sem renda, o trabalhador deixa de comprar. Com a produção encalhada, as empresas deixam de produzir e demitem trabalhadores. E muitas até mesmo fecham as portas. Desta forma a economia não roda e o país acaba caminhando para a recessão.

Recentemente, a empresária Luiza Trajano, presidente da Magalu, fez um apelo a Campos Neto para baixar a taxa de juros. E lembrou que muitas empresas já foram extintas e que o setor não ‘suporta mais’ essa política monetária.

Redação: Cida de Oliveira, com CUT

RBA

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