Cientistas brasileiros em perigo: depois de Ministério e IPEA, Temer ordena corte no CNPq
A campanha de cortes orçamentários e aparelhamentos institucionais de Michel Temer contra as instituições brasileiras de ciência recebeu mais um capítulo triste ontem (17), com informações de que o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) terá uma redução de até 30% em suas bolsas de pesquisas presentes e futuras.
A informação parte do antropólogo e professor da UFRJ Eduardo Viveiro de Castro, que publicou na Facebook uma nota de pesar com relação ao tema. “O novo presidente do CNPq não tomou posse ainda, e os quadros técnicos dizem não ter autonomia para reverter a situação. Supostamente trata-se ordem superior”, ele escreveu. “A decisão dos comitês é não proceder a isso e a alternativa será cortes administrativos sabe-se lá com que critérios”, complementou, preocupado.
A decisão é apenas mais uma em uma série de ataques aos cientistas brasileiros, que desde o impedimento de Dilma Rousseff se depararam com obstáculos crescentes. Depois da incorporação do Ministério da Ciência e Tecnologia à pasta das Comunicações, a lista de medidas contrárias à pesquisa científica já incluiu o desligamento do supercomputador mais potente do país, a desativação de parte da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, a redução nos investimentos pela vacina contra o vírus zika e até uma rodada de negociações pelaentrega da Base Espacial de Alcântara.
Com a aprovação eventual da PEC 241, no entanto, o setor cairá para um patamar ainda baixo que o atual. “O que se revela é um quadro mais grave, que inviabiliza até o orçamento do que já deveria ser pago. Esses aí são reflexos no CNPq, mas isso é parte de um esvaziamento acelerado. O que esta em curso é um estrangulamento do setor. Essa restrição está ligada com outras ações: a limitação das verbas de saúde e educação por um lado, e o desmanche do Fundo Social do Pré-Sal por outro. Então é um retrocesso brutal”, analisa o ex-presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Luis Manuel Rebelo Fernandes.