Com Bolsonaro, 38% dos trabalhadores ganham apenas um salário mínimo
A destruição do mercado formal de trabalho e a precarização imposta pelo ministro-banqueiro Paulo Guedes continua a massacrar os brasileiros, reduzindo oportunidades e retirando direitos. Sob o desgoverno Bolsonaro, neste primeiro trimestre, o índice de trabalhadores que ganham apenas um salário mínimo no país, formais ou informais, chegou a 38%. Os dados confirmam a cristalização do processo de uberização atualmente em curso no país: os poucos empregos gerados vêm acompanhados de salários achatados e com pouca ou nenhuma garantia. Os dados constam de um levantamento conduzido pelo economista Lucas Assis, da Tendências Consultoria.
Para se ter uma ideia da queda no poder de compra dos trabalhadores resultante da política de arrocho salarial do apreciador de paraísos fiscais Guedes, no último trimestre de 2015, quando Dilma Rousseff era presidente, o percentual era de 27,6%. Consumado o golpe contra Dilma, três anos depois, com o usurpador Temer, o índice já havia chegado a 30,09%. Ou seja, em pouco mais de três anos, apenas com Bolsonaro, o índice cresceu 8,2 pontos percentuais. No total, já são 36,4 milhões de trabalhadores nessas condições, 8,3 milhões a mais do que com Temer.
“O golpe contra Dilma piorou a vida dos brasileiros”, confirmou o deputado federal José Guimarães (PT-CE), pelo Twitter. “Tem gente com doutorado dirigindo Uber, o verniz do empreendedorismo esconde a precarização do trabalho”, denunciou Guimarães.
De acordo com o levantamento, tanto empregos formais quanto informais entram nessa estatística. O percentual dos que trabalham com carteira assinada saltou de 14,06% no fim do mandato de Temer para 22,4% neste primeiro trimestre. No mercado informal, o aumento também foi expressivo, com um crescimento de 53,46% para 61,73%. A informalidade oferece, segundo o estudo, vários postos de trabalho com salários ainda menores do que o piso mínimo.
A consultoria aponta que, dos 4,6 milhões de empregos gerados entre o primeiro trimestre de 2016 e o desse ano, 76% são postos informais. E, enquanto foram criadas 7 milhões de vagas com pagamento de até um salário mínimo, outros 2,5 milhões de vagas com salários mais altos foram extintos. O quadro, considerado grave por economistas, é resultado direto da paralisia econômica a que o país foi submetido pela dupla Guedes e Bolsonaro.
“As crises econômicas e a redução do produto acabam fazendo com que o empregador pense duas vezes antes de contratar e, quando contratam, sabe que não é o ideal, mas opta pelo mais barato, o informal, que não tem segurança e carece de assistência”, declarou ao Globo a professora do Insper, Instituto de Ensino e Pesquisa, Juliana Inhasz.
Queda na renda
Essa é mais uma prova contundente de que o mercado vem sendo profundamente precarizado, ancorado na mentira repetida diariamente de que o trabalhador pode ser um empreendedor e, portanto, seu próprio patrão. Uma boa desculpa para retirar direitos trabalhistas e destruir o poder de compra dos salários. Dados da PNAD Contínua do IBGE confirmam que a renda média caiu de R$ 2.764 em janeiro de 2015 para os atuais R$ 2.569.
“Com o mercado ocioso, em crise, o poder de barganha do trabalhador diminui. E tem casos de pessoas que aceitam trabalhos com qualificação menor, o que vale para o formal. Tem exemplos mais extremos, como o cara que faz doutorado e trabalha como Uber, mas também tem o trabalhador CLT que foi demitido e volta para outra empresa ganhando menos “, relatou Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, ao Globo.
Inflação iguala cesta básica ao salário mínimo
Enquanto isso, a inflação completa o serviço de corrosão do poder aquisitivo. Um exemplo claro é a cesta básica, que no mês de abril, em São Paulo, bateu 1.209,71. Ou seja, depois de comprar os itens essenciais para passar o mês, o trabalhador que recebe um salário mínimo, hoje em R$ 1.212, fica com R$ 2,29 de troco.
“A inflação está corroendo não só a renda da população mais pobre, mas da classe média também”, confirmou ao Globo o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale.
O quadro é mais dramático no setor de mão de obra, onde trabalhadores nos serviços de alojamento e alimentação têm salários reais 11,7% abaixo de 2012. Enquanto serviços pessoais subiram apenas 3,91% nos últimos 12 meses, Índice de Preços ao Consumidor Amplo (ICA), avançou 12,13% em média, no período.
PT Nacional, com informações de O Globo