Com Temer, Brasil pode ter até 3,6 milhões de novos pobres em 2017
Sob o governo de Michel Temer, até o fim do ano, 3,6 milhões de brasileiros podem voltar a viver abaixo da linha da pobreza – com menos de R$ 140 por mês. A estimativa é do Banco Mundial. Os “novos pobres” são, em sua maioria, adultos jovens, urbanos, com escolaridade média, lançados no desemprego pela recessão que a atual gestão só aprofunda. São produto da austeridade seletiva em vigor, de uma estratégia que massacra os mais pobres e é incapaz de gerar empregos ou retomar o crescimento.
A projeção do Banco Mundial considerou dois cenários possíveis para a economia do país. No pior cenário, haveria esse exército de 3,6 milhões de novos pobres e o Brasil alcançaria o triste número de 29,6 milhões de pessoas vivendo numa situação de pobreza extrema.
Mas, mesmo na projeção mais otimista, que prevê um pequeno crescimento da economia em 2017, a entidade estima que 2,5 milhões de brasileiros voltariam a viver abaixo da pobreza, só este ano.
Trata-se do reflexo de uma crise econômica que se agravou insuflada pela crise política.
Apostando no “quanto pior, melhor”, a oposição ao governo da presidenta Dilma Rousseff paralisou o país. E, no pós-impeachment, as forças que tomaram o poder lançaram o país na incerteza. Para piorar, apostam em uma agenda que retira direitos e perspectivas dos mais pobres, enquanto mantém privilégios de uma elite econômica. Para piorar, não é capaz de retomar a atividade.
De acordo com o estudo do Banco Mundial, para frear o crescimento da pobreza extrema aos patamares de 2015 – base mais atual de dados oficiais sobre renda -, o governo terá que aumentar o orçamento do Bolsa Família este ano para R$ 30,4 bilhões, no cenário econômico mais otimista, e para R$ 31 bilhões, no quadro mais pessimista. No Orçamento de 2017, está previsto o investimento de R$29,8 milhões.
No pior cenário, 1,16 milhões de novas famílias poderão se tornar dependentes do programa de transferência de renda do governo até o fim deste ano. Na simulação mais otimista, 810 mil famílias passariam a depender do benefício para viver.
“Se o programa não aumentar, aponta o Banco Mundial, a proporção de brasileiros em situação de miséria subirá para 4,2% este ano no cenário otimista e para 4,6% no pessimista. Caso a cobertura seja ampliada, conforme recomendado, a taxa terá um leve crescimento para 3,5% e 3,6%, nos dois quadros econômicos traçados”, diz reportagem de O Globo sobre o assunto.
Vale lembrar que o atual governo já deu muitas provas de que é avesso aos programas sociais. Só em 2016, a gestão Temer suspendeu 1,136 milhão de benefícios do Bolsa Família.
O estudo do Banco Mundial mostra que o perfil desses “novos pobres” – que estavam acima da linha da pobreza em 2015 e já caíram ou cairão abaixo dela neste ano -, é diferente do daqueles que já viviam em condição de pobreza em 2015 e continuam nessa situação.
Cerca de nove em cada dez pessoas que deverão se tornar pobres este ano residem em área urbana. A idade média dos chefes das famílias é de 37,9 anos, 38,2% estudaram ao menos até o ensino médio, 33,5% são brancos e 58,8% trabalhava na área de serviços em 2015.