Combater a violência nas escolas é defender quem trabalha nelas
Professor de História foi atacado por pai de estudante do Paraná. Reportagem do jornal Extra revela que 84 professores foram vítimas de agressões em instituições de ensino do Rio de Janeiro nos últimos quatro anos
Conforme noticiado na última segunda-feira (3) pela Revista Fórum, o pai de um estudante do Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo, em Guaíra, no Paraná, agrediu, ameaçou e apontou uma arma para um professor de História da instituição.
O crime foi registrado na última sexta-feira (30). De acordo com relatos de outros estudantes e funcionários da escola, o agressor estaria irritado pelo fato de o docente ter repreendido o filho após ele fazer declarações preconceituosas em sala de aula. A matéria informa ainda que o mesmo estudante já teria, em outra ocasião, feito um gesto nazista.
Por sua vez, reportagem do jornal Extra veiculada ontem (4), aponta que, nos últimos quatro anos, 84 professores foram vítimas de agressões em instituições de ensino do Rio de Janeiro. As duas notícias não são apenas mais matérias sobre violências ocorridas dentro de escolas, como tantas que, pesarosamente, repercutiram nos últimos tempos. São também evidência de que trabalhadores em educação, sobretudo docentes, são vítimas de primeira ordem.
Na verdade, já o eram, antes mesmo de a violência física extrema, traduzida em ameaças, ataques, atentados e assassinatos se materializar. O caso ocorrido no Paraná é, sim, exemplo de várias questões: do perigo representado pelo porte de armas de fogo, do fato de que policiamento não necessariamente dá conta de resolver o problema (o pai do episódio, inclusive, é policial federal), de que nefastas ideologias de extrema direita, sendo o nazismo a mais extrema delas, estão gravemente disseminadas entre muitos jovens. No entanto, é também amostra de até onde pode chegar a perseguição ideológica contra o magistério, que já vinha sendo sistematicamente atacado, há alguns anos, por defensores da chamada “Escola Sem Partido” — que de apartidária só tem o nome. Tratar-se de um professor de História é, simbolicamente, a cereja do bolo, uma vez que a tentativa dessa extrema direita é de que a própria História seja aviltada, vilipendiada, distorcida e esquecida.
A Contee, que integra o Grupo de Trabalho de Proteção e Segurança no Ambiente Escolar, instituído pelo MEC (Ministério da Educação), entende que cobrar políticas públicas contra a violência às, nas e das escolas inclui, impreterivelmente, defender também os direitos e a dignidade de quem trabalha nas instituições. Isso passa pela revogação da reforma trabalhista, pelo enfrentamento à terceirização nas instituições de ensino e pelo combate a toda e qualquer mordaça e afronta à liberdade de ensinar e aprender.
Brasília, 5 de julho de 2023.
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee