Comício da Central, Marcha da Democracia, Caminhada do Silêncio: sociedade debate os 60 anos do golpe

A partir desta semana e até o início de abril, vários eventos vão refletir sobre a ditadura instalada em 1964 e seus reflexos

Por Vitor Nuzzi, da RBA

São Paulo – Os 60 anos do golpe, que se completarão no próximo dia 1º, têm vários eventos programados, para refletir sobre aquele momento histórico e seus reflexos até os dias de hoje. A começar da próxima quarta (13): um ato na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, a partir das 16h, vai lembrar do Comício da Central, promovido pelo governo João Goulart no Rio de Janeiro. João Vicente, filho mais velho de Jango, deverá participar.

Naquele comício, que reuniu pelo menos 200 mil pessoas, João Goulart anunciou as chamadas reformas de base – que não vieram. E fez referências aos adversários: “Democracia para esses democratas não é o regime da liberdade de reunião para o povo: o que eles querem é uma democracia de povo emudecido, amordaçado nos seus anseios e sufocado nas suas reivindicações”, afirmou Jango, durante o evento.

Quarta Caminhada do Silêncio

No dia 31, ocorre a quarta edição da Caminhada do Silêncio, em São Paulo. A concentração começa às 16h, diante da antiga sede do DOI-Codi, que hoje abriga uma delegacia, na zona sul paulistana. Os manifestantes seguirão até o Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos, no Parque do Ibirapuera. O tema é “Para que não se esqueça/ Para que não continue acontecendo”. Participantes levarão flores e velas.

A caminhada é uma realização do Movimento Vozes do Silêncio, representado pelo Instituto Vladimir Herzog, o Núcleo de Preservação da Memória Política e a seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), e tem apoio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania. O evento integra o calendário oficial da cidade desde o ano passado, com a Lei 17.886, a partir de projeto do então vereador e atual deputado estadual Antonio Donato (PT).

Marcha Rio-Juiz de Fora

Na mesma data, uma marcha sairá do Rio de Janeiro com destino a Juiz de Fora, em Minas Gerais. O evento está sendo chamado de “marcha reversa” ou Marcha da Democracia. Isso porque fará o caminho oposto ao feito em 1964, quando tropas lideradas pelo general Olympio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar, saíram da zona da mata mineira com destino ao Rio, como parte da conspiração para derrubar o presidente constitucionalmente eleito.

Assim, segundo os organizadores, caravanas sairão da Cinelândia, no centro do Rio, e se encontrarão com a família do ex-presidente, que morreu em 1976, no exílio, sem nunca ter voltado ao Brasil. Essa marcha terá duas paradas simbólicas: em Petrópolis, onde funcionava a “Casa da Morte” e na ponte sobre o rio Paraibuna, que separa Minas e Rio. Na cidade mineira, está prevista a entrega do título Doutor Honoris Causa, pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a João Goulart.

Debate no antigo Dops

Antes disso, no dia 23, às 14h, o Memorial da Resistência sediará mais uma edição dos chamados Sábados Resistentes. O professor Marcos Napolitano, do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), falará sobre Os antecedentes e desdobramentos do golpe civil-militar de 1964. Em seguida, será exibida uma versão do filme 1964 – Um Golpe contra o Brasil (2014), produzido pelo Núcleo Memória e dirigido por Alípio Viana Freire. O memorial fica no prédio que abrigava o Dops: Largo General Osório, 66, Luz, ao lado da Sala São Paulo.

Esse evento será realizado de forma presencial e on-line. A transmissão será feita pelo canais do Núcleo Memória (@nucleomemoria), do Memorial da Resistência (@memorialdaresistencia) e do site Tutameia (@tutameiaTV) no YouTube. O Núcleo, que está completando 15 anos, promoverá outros encontros, sempre com homenagens a mortos ou desaparecidos durante a ditadura.

Da Rede Brasil Atual

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