Conselheiro da Estácio vende ação antes de balanço
Um dos integrantes da família fundadora da Estácio Participações foi suspenso de seu posto no conselho de administração da empresa por ter negociado ações da companhia dias antes da publicação do balanço de 2011.
Em 29 de fevereiro, um dia antes da divulgação dos resultados, Marcel Cleófas Uchôa Cavalcanti vendeu 500 mil ações da Estácio na bolsa, ao preço de R$ 20,10, embolsando R$ 10 milhões. As informações são divulgadas mensalmente pelas companhias abertas. Administradores, conselheiros ou controladores, que possuem informações privilegiadas, têm que divulgar vendas e compras de ações.
Cavalcanti era o diretor-presidente da Estácio na época da abertura de capital, em julho de 2007. Em dezembro de 2008, Eduardo Alcalay, ligado à GP Investimentos, também acionista, assumiu o comando da empresa. No último dia 13, Alcalay renunciou ao cargo e passou à presidência do conselho.
O executivo da GP presidiu a reunião extraordinária do conselho dia 19, quando foi decidida a suspensão de Cavalcanti do cargo até o fim de seu mandato, previsto para o fim de abril.
Na ata da reunião, a Estácio diz que Cavalcanti e todos os demais conselheiros foram informados em 13 de fevereiro sobre o período de vedação à negociação com ações. A decisão do conselho foi por maioria absoluta, com abstenção de Cavalcanti. Procurada, a Estácio não deu entrevista.
Após a divulgação do balanço, até ontem, as ações da empresa do setor de educação caem 10%.
No último trimestre do ano passado, o lucro líquido da Estácio foi de R$ 2,4 milhões, 89% inferior ao apurado em igual intervalo de 2010. No ano, a queda lucro foi de 13% para R$ 70,2 milhões. Conforme a empresa, o desempenho foi afetado pela adoção do IFRS, resultado financeiro menor e aumento de R$ 9,4 milhões em depreciação e amortização. Também houve perda contábil de R$ 2,2 milhões com a venda de sua operação no Paraguai.
A administração reconheceu a necessidade de melhorar a sua geração de caixa e informou que o fluxo de caixa operacional foi bastante afetado pela alta da inadimplência e maior participação do programa Fies na base de alunos, já que o prazo médio de recebimento do Fies é superior a média usual de suas mensalidades.
Fonte: Valor Econômico