ConSinpro: Amplo debate e desafios da educação

No 14º Congresso do Sinpro-Rio, a Contee apontou a financeirização da educação como uma tendência que precariza o ensino e afeta a saúde dos profissionais.

De 21 a 23 de junho, no Sinttel, aconteceu o 14º Congresso do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (#14ConSinpro), que teve como tese guia: valorizar o magistério e fortalecer a democracia.

O evento reuniu educadores, especialistas e dirigentes sindicais que se posicionaram a favor do reconhecimento da classe trabalhadora e do fortalecimento do Estado Democrático de Direito.

Na noite de abertura, sexta-feira (21), os participantes relembraram os 20 anos sem Leonel Brizola, líder trabalhista que até o fim da vida defendeu a educação brasileira e a democracia. Deliberaram também sobre a tese, o regimento do congresso e deram início as discussões propostas.

Ao longo do Congresso, os envolvidos alinharam metas para a atuação do Sindicato nos próximos 4 anos, considerando que as lutas e demandas se inserem num contexto macro, em que aspectos nacionais e internacionais vão definir impactos, obstáculos e estratégias de enfrentamento e superação.

Entre outros assuntos, os congressistas falaram das perversidades provocadas pelo crescimento da extrema direita, que a todo custo procura impor sua agenda moralista, conservadora e pautada na lógica do capital, onde o lucro é a razão de ser das investidas, prejudicando a educação de qualidade e inclusiva.

No geral, as palestras forneceram um panorama abrangente com dados importantes para orientar os profissionais da educação sobre a conjuntura atual, os desafios vividos e as perspectivas para os próximos tempos. Várias dimensões do cenário socioeducacional brasileiro vieram à tona ao longo dos três dias de amplo debate.

Reprodução/Sinpro-Rio

Contee no ConSinpro

No sábado 22, o coordenador-geral (licenciado) da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Gilson Reis, esteve presente no congresso e discorreu sobre o Novo Ensino Médio e o processo de  financeirização da Educação Superior, destacando o reflexo disso na saúde mental dos professores. A mesa coordenada pelo professor Antônio Rodrigues, contou também com as contribuições da Professora Luciene Nascimento, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Gilson Reis em sua explanação, fez uma análise histórica sobre a expansão da financeirização na educação. Ele criticou o tratamento da educação como mercadoria e apontou como essa tendência precariza o ensino e afeta a saúde dos profissionais.

Reis ressaltou a urgência de debater a financeirização da educação, um tema que tende a se intensificar nos próximos anos. Destacou também que a mercantilização do ensino tem consequências diretas sobre a qualidade da educação, bem como a saúde dos docentes, que sofrem com a pressão de um ambiente de trabalho cada vez mais exigente e desafiador.

Para além disso, ponderou que os profissionais são desvalorizados com baixos salários e jornadas excessivas. Já a professora Luciene contextualizou chamando atenção para o crescimento desenfreado do ensino à distância e a alta cobrança por produtividade que recai sobre os docentes.

Modalidades de Ensino e Impactos na Vida da Categoria

No segundo dia, o tema “Modalidades de Ensino e Impactos na Vida da Categoria” também foi destaque. Coordenada pelo professor Afonso Teixeira, contou com a participação da professora Márcia Maretti, especialista em Atendimento Especializado em Educação, e do professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Régis Argüelles. Márcia falou da importância da acessibilidade no ensino para pessoas com deficiência, propondo o ensino colaborativo como uma alternativa para evitar a sobrecarga dos professores e garantir uma especialização adequada na sala de aula.

Régis Argüelles trouxe um apanhado acerca do neoliberalismo, evidenciando como esse modelo remove direitos e precariza o trabalho, afetando os profissionais da educação. Ele discutiu os “Dilemas no trabalho docente”, relacionando o esgotamento da categoria ao aumento das exigências e complexidades da profissão, além da falta de tempo para se adaptar às novas demandas impostas pelo cenário educacional contemporâneo.

No sábado, houve também a formação dos Grupos de Trabalho (GTs) para discussão da Tese Guia aprovada para o 14º ConSinpro. Os GTs debateram a conjuntura política nacional e internacional, o cenário socioeducacional brasileiro e deliberaram sobre planos de lutas para, de fato, promover a valorização do magistério e o fortalecimento da democracia.

Reprodução/Sinpro-Rio

Encerramento

No domingo, as propostas dos grupos de trabalho foram apresentadas e votadas em plenária. O evento terminou às 12h com homenagens e agradecimentos.

A Contee parabeniza o Sinpro-Rio por mais uma edição do ConSinpro realizada com sucesso, abrindo portas e janelas para mitigar desigualdades e firmar balizas em prol do engrandecimento da educação brasileira. É a categoria unida propondo soluções para os desafios que os professores da educação vêm atravessando.

Todos juntos pela valorização do magistério e pelo fortalecimento da democracia. Todos empenhados em combater as práticas neoliberais que sufocam os ideais coletivos. O romancista Cervantes já dizia: “quando se sonha juntos é o começo da realidade”.

Vitoria Carvalho, estagiária sob supervisão de Romênia Mariani

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