Contee debate com a UNE a mercantilização da educação
O monopólio, fusão de grandes grupos internacionais, mercantilização e financeirização da educação superior privada no país foram debatidos dia 8, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, durante a programação do 15º Conselho Nacional de Entidades de Base (Coneb) da União Nacional dos Estudantes (UNE). O coordenador-geral da Contee, Gilson Reis, participou da mesa “Educação não é mercadoria: desafios do ensino privado no Brasil”.
Para ele, a luta entre o setor público e privado perpassa os últimos quase100 anos. “Não é um fenômeno recente . Desde os anos 30 um setor luta por uma educação pública e de qualidade com construção popular e um outro lado sempre defende o processo de privatização”.
Gilson lembrou que “a ofensiva contra a mercantilização do ensino só seu deu a partir da eleição do ex-presidente Lula. Somente ali houve uma tentativa de recolocar a educação em outro patamar, reforçando a educação pública com políticas como o Reuni, Prouni, a ampliação das federais, a construção do Plano Nacional de Educação, com Dilma. Agora não há nenhum interesse na educação como direito, só como dinheiro”.
Contudo, a resistência continua, através da ação dos profissionais do ensino, dos estudantes e dos setores populares. “Mesmo diante de todo esse cenário negativo, este encontro na Bahia e a 11ªBienal da UNE são um marco importante na luta política brasileira. Nós estamos aqui unidos e vamos lutar, transformar e resistir”.
Oposição ao Governo Bolsonaro
A ex-diretora de universidades privadas da UNE, Katherine Oliveira, e o professor especialista em direito e ex-vice presidente regional da UNE, Augusto Vasconcelos, também integraram a mesa. Augusto é professor em duas universidades, uma pública e outra privada e afirma que as diferenças são gritantes. ”Trabalho na Unime, adquirida pelo grupo Kroton. Quando foi implantado o ensino à distância com maior carga horária, as ações nas bolsas de valores dispararam. Os investidores perceberam que teriam um custo menor e um retorno financeiro maior. A educação vira uma estrategia de acumulação de riqueza para poucos”, disse.
Segundo ele, “o novo governo é inimigo da educação. Temos um ministro da Educação que não acredita que a universidade seja um direito de todos, temos o projeto Escola Sem Partido (Lei da Mordaça), temos até uma deputada que pediu para que alunos gravassem professores durante as aulas. Isso tudo é parte de um governo que prevê o desmonte da educação pública e é contra isso que precisamos lutar”.
O Coneb e a Bienal da UNE foram encerrados dia 10. O documento de Conjuntura aprovado pelos estudantes convocou o movimento estudantil a contribuir para a construção de uma ampla frente democrática e popular em defesa do Brasil e em oposição radical ao governo Bolsonaro, que tenha espaço para todos os agentes que percebem a gravidade do momento que o nosso país vive e não admitem o retorno dos tempos mais sombrios da ditadura militar.
“A UNE foi capaz de atravessar mais de oitenta anos superando os desafios impostos a cada geração, por contar em sua organização com uma grande pluralidade de opiniões e correntes políticas, enraizadas nas universidades. Toda essa diversidade constitui uma grande riqueza para os estudantes brasileiros e faz com que sua entidade máxima seja uma grande síntese do Brasil”, diz o documento.
Carlos Pompe, com informações da UNE