Contee saúda o 33° Congresso da CNTE
Diante da presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o coordenador-geral da Contee, Gilson Reis, e o coordenador da Secretaria de Assuntos Institucionais, Rodrigo Pereira de Paula, representaram a Confederação ontem (12) na abertura do 33° Congresso Nacional da CNTE. Presentes, 2.500 trabalhadores e uma extensa pauta de discussões sobre o futuro da educação no Brasil. “Foi uma belíssima abertura, brindada pela presença do ex-presidente Lula, que fez uma boa conferência e colocou fogo nos olhos dos trabalhadores”, destacou Gilson.
Em sua fala na mesa de abertura, o coordenador-geral da Contee destacou que vivemos um golpe de estado, patrocinado pelo sistema financeiro internacional e nacional, com apoio das estruturas de poder no Brasil — poderes Executivo, Judiciário e Legislativo — e sustentado na grande mídia e na classe média. “O objetivo central do golpe é reduzir a participação do Estado e reduzir as políticas públicas de educação, saúde, segurança, porque no orçamento não cabem os interesses do capital financeiro junto com os interesses da sociedade brasileira”, ressaltou Gilson. “Portanto, este é o centro da discussão no país neste momento.” Ele frisou ainda que as mudanças estruturais colocadas em andamento nos oito meses de governo Temer — PEC 55, reforma do ensino médio, reforma do trabalho, reforma previdenciária etc. — têm a finalidade de subtrair recursos do orçamento para financiar o capital rentista no país.
“Somos uma entidade irmã da CNTE e podemos e devemos fazer lutas conjuntas e organizar nossas ações”, acrescentou o diretor da Contee, indicando a construção de uma paralisação nacional no dia 15 de março, data do início da greve nacional proposta pela CNTE. “Nossa grande missão no ano de 2017 é derrubar o governo Temer e construir uma alternativa de eleições no país para reconfigurar a democracia e, a partir daí, discutir um novo projeto de nação.”
O 33° Congresso da CNTE tem como tema “Paulo Freire: educação pública, democracia e resistência”. Segundo o presidente da CNTE, Roberto Leão, a escolha do educador como patrono do congresso “não aconteceu por acaso, mas porque neste momento em que a educação pública brasileira sofre com leis de mordaça, com a reforma do ensino médio e uma enormidade de restrição de financiamento, mais do que nunca a figura de Paulo Freire é quem nos encoraja a lutar e enfrentar o que vem pela frente”.
Segundo o presidente da Internacional da Educação para América Latina (Ieal), o argentino Hugo Yasky, o Brasil sofreu o mesmo golpe de Estado que outrora foram vítimas o Paraguai e Honduras, e pediu que 2017 seja um ano de muitas lutas no Brasil. ”O ano de 2017 marca o início da resistência para enfrentar os governos de direita na América Latina.”
Lula
O ex-presidente Lula foi o palestrante de honra da conferência sobre conjuntura nacional e internacional e falou do atual momento político brasileiro. “Fico triste porque este país não merece o que está passando”, lamentou, lembrando o período do seu governo e defendendo os programas sociais que implementou. “Para fazer casa para pobre tem que ter subsídio sim.” Em relação ao atual governo golpista, Lula foi enfático: “não podemos aceitar quando eles dizem que nós quebramos o país. A Dilma não quebrou o Brasil como eles querem dizer. Quem quebrou o país foram os golpistas”.
Lula foi várias vezes interrompido por gritos de palavras de ordem entoados pelos participantes do Congresso. Segundo o ex-presidente, “para recuperar o país é preciso um governo que tenha credibilidade e não há como ter credibilidade com golpe”. Com um discurso repleto de reflexões sobre a educação no Brasil, ele ressaltou que os recursos para a área nunca poderão ser considerados como gastos, mas sim investimento. “É o investimento mais barato e mais produtivo e o que dá mais retorno para o país”, justificou, sob aplausos, citando avanços do seu governo na educação, como o ProUni, o aumento da participação da União com o Fundeb, o programa caminhos da escola e o Enem. “Não é a matéria-prima, a floresta e a extensão territorial que fazem a grandeza de um país, mas sim a qualidade da educação”, ressaltou.
Lula também pontuou os avanços dos outros países latino-americanos na educação e lamentou as mudanças tímidas do Brasil na área. Também fez um alerta aos trabalhadores organizados e se dirigindo ao presidente do CNTE, Roberto Leão, disse: “este ano, vocês precisam brigar mais do que nunca na história de vocês”. O ex-presidente acredita que a luta política deve ser realizada sob um novo formato, direcionando os esforços para a pressão direta aos congressistas. “Tenho tanta consciência quanto fé em Deus que o Brasil pode se recuperar com facilidade”, disse. Lula destacou que “a recuperação passa necessariamente pela volta do crescimento do emprego”.
Com informações da CNTE
Fotos: Rodrigo Pereira de Paula