Contra as reformas de Temer, greve do dia 28 pode ser histórica
O clima de greve geral está nas ruas. Marcelino da Rocha, presidente da Federação de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal) afirmou que há um “burburinho” em torno da paralisação nacional convocada pelas centrais de trabalhadores para esta sexta-feira (28). “Setores que nunca se manifestaram antes começam a aderir”, completou o metalúrgico.
O dirigente lembra da última greve geral no Brasil em 1989. “Era o meu primeiro mandato no Sindicato dos Metalúrgicos de Betim (MG) onde eu participava da diretoria. Naquela época havia a reposição da inflação e dez, quinze dias depois o salário já tinha perdas”, descreveu Marcelino.
Na opinião dele, a situação atual supera o contexto de 1989, o que deve motivar a classe trabalhadora a aderir às paralisações.
“Agora junta desemprego, retirada de direitos e corrupção desenfreada. A expectativa é que muitos setores que não se manifestavam no passado como rodoviários, comércio, desempregados, aposentados fortaleçam os protestos. Existe um burburinho maior na sociedade”, analisou o dirigente da Fitmetal.
O secretário-geral da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, informou que trabalhadores do comércio e da construção civil devem aderir em grande número ao dia 28.
Em reunião ontem (24) com representantes das principais centrais de trabalhadores, Wagner afirmou que o balanço é que o dia 28 atingirá mais categorias profissionais.
“Desta vez o motivo piorou que é o desmonte do sistema de seguridade dos trabalhadores e ainda o desmantelamento das leis trabalhistas. O trabalhador está entendendo o que está acontecendo. Por isso muito menos gente vai sair de casa no dia 28”, opinou Wagner.
Ele confirmou a paralisação dos metroviários de São Paulo que param por 24 horas nesta sexta-feira ao lado dos condutores de ônibus. Para ele, a população está mais consciente hoje dos prejuízos que simbolizam as reformas trabalhista e previdenciária de Temer. “Temos confiança que a população que apoiou a paralisação do dia 15 também vai apoiar no dia 28”, completou.
Adriana Magalhães, secretária de Comunicação Social da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, confirmou a paralisação da categoria em São Paulo. Na opinião dela, a aprovação da terceirização provocou entre os trabalhadores em geral uma apreensão, em especial relacionada à reforma da Previdência Social.
“A gente já está sentindo no trabalho de base, não só nas categorias que representamos. Desde que foi aprovada a terceirização, a categoria está temerosa e acompanhando mais do que nunca as notícias e você vai percebendo pelos relatos de trabalhadores que não estão em sindicatos fortes e atuam na informalidade que há uma preocupação, uma angústia com o que vai acontecer, principalmente com a aposentadoria”, contou Adriana.
Os bancários têm recebido a mesma solidariedade dispensada aos metroviários pelos usuários do metrô na paralisação do dia 15. Segundo Adriana, no contato com os clientes há um retorno solidário. “Os clientes também se tornam reféns desse sistema financeiro que gera muitas demissões e põe em prática o desmonte dos bancos públicos. Na ponta isso se torna um atendimento precário para a população. Acredito que no dia 28 as pessoas vão se organizar para contribuir de alguma forma, inclusive evitando de ir às agências”, observou Adriana.
Os petroleiros também fortalecem a adesão à greve geral. Nas inúmeras assembleias realizadas pelo país, a categoria tem decidido pela participação no dia 28. “A greve geral deverá ser histórica. Após a última de 14 e 15 de março de 1989, portanto, há 29 anos, ela [a greve] tende a delimitar a transição do estado da indiferença política da classe trabalhadora nos últimos dois anos, para uma que marca seu efetivo protagonismo político na defesa de seus interesses e do país”, analisou Divanilton Pereira, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e dirigente da CTB.