Contra CCT, sindicato patronal alega que ‘Santa Catarina tem a melhor educação privada do país’
Santa Catarina tem a melhor educação privada do país, alega Marcelo Batista de Sousa na 2ª reunião de negociação coletiva
Para garantir direitos sociais e econômicos, os seis sindicatos que compõem a Fetraesc entram, ano após ano, em processo negocial com o Sinepe/SC. Na primeira reunião de negociação coletiva, o Sinepe não compareceu, demonstrando que o processo não será tarefa fácil este ano
Na segunda reunião, que ocorreu dia 28 de fevereiro, o presidente do Sinepe, Marcelo Batista de Sousa, iniciou o encontro refutando todas as reivindicações dos trabalhadores em educação privada de Santa Catarina, alegando que as normas constantes na CLT bastam para reger a relação entre trabalhadores e estabelecimentos de ensino e, portanto, não haveria necessidade de se estabelecer uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
O encontro foi marcado por frases de cunho mercantilista e discriminatório, tais como, “os professores que ministram aulas na educação básica não necessitam ter o mesmo conhecimento que os professores que ministram aulas na educação superior”, ou ainda, que “as escolas particulares não têm obrigação de contratar professores com graduação, as escolas particulares podem contratar professores com formação em curso Normal”. O Sinpaaet, por sua vez, salientou que posturas como essas desqualificam o debate sobre educação, e, consequentemente, a sua qualidade. Não se pode conceber a ideia de um professor que atua no ensino básico ser discriminado salarialmente. Muitas vezes, o nível de formação é o mesmo de um professor que atua na educação superior.
Portanto, a alegação de que Santa Catarina tem a melhor educação privada do país tem que ser relativizada. Vejamos o porquê. Enquanto a remuneração média de um professor em Florianópolis, segundo dados da Rais/IBGE é de R$ 1.543,10, em São Paulo é de R$ 2.899,74 e em Porto Alegre de R$ 2.329,45. Outro dado importante é a média de alunos por turma que, conforme dados do Inep é de 29,2 alunos em Santa Catarina, de 28,6 no Rio Grande do Sul e de 29,5 no Paraná.
Ou seja, se qualidade implica valorização salarial, formação, número adequado de alunos por turma, dentre outros pontos, não é possível afirmar que Santa Catarina tenha a melhor educação privada do país. Os dados acima demonstram isso! Nesse sentido, é hora de nos unirmos para que nossas reivindicações saiam do papel.
Por Gisele Vargas – Presidenta do Sinpaaet