Copom se reúne e Centrais Sindicais protestam pela redução dos juros
Atos pelo Brasil, em frente às unidades do Banco Central, nesta terça-feira (20), reforçaram a posição dos sindicalistas e da sociedade pela redução da taxa de juros (Selic)
por Murilo da Silva
A manhã desta terça-feira (20) foi marcada por manifestações em todo o país pela redução da taxa básica de juros, a taxa Selic, pelo Banco Central (BC). Os atos foram convocados pelas Centrais Sindicais que levaram seu recado para a frente das unidades do BC.
As manifestações ocorrem em um momento que o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para definir se inicia um ciclo de redução da Selic, que está em 13,75% ao ano desde agosto de 2022, ou se manterá a taxa até a próxima reunião, realizada a cada 45 dias.
Os protestos ocorreram no Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Na cidade de São Paulo, os sindicalistas se reuniram na unidade do banco que fica na Avenida Paulista e levaram referências à construção de imóveis e até mesmo um carro cortado ao meio para simbolizar o quanto os juros pesam no bolso dos trabalhadores.
“Temos aqui um carro cortado ao meio. Este carro demonstra que quando um trabalhador compra um carro, metade do que ele paga é juros. Do outro lado aqui, temos a representação de imóveis. Quando o trabalhador compra um apartamento, ele paga três outros de juros”, criticou o vice-presidente nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Rene Vicente.
Em seu discurso Rene teceu críticas ao presidente do BC, Roberto Campos Neto.
“Estamos aqui em frente ao Banco Central e em todo o Brasil para dizer não ao Campos Neto, que é um agente do setor financeiro e especulativo em nosso país. Temos que dizer em alto e bom som: Fora Campos Neto! Redução da taxa de juros já! Para que possamos colocar o Banco Central a serviço do país, da população brasileira e para que nós possamos resgatar um projeto nacional de desenvolvimento, com geração de renda e emprego para o povo”, pontuou ao dizer que a taxa de juros tem “afogado” a reindustrialização do país e pode fazer com que o desemprego aumente.
Ainda na capital paulista, o secretário-geral da Força Sindical, Juruna, disse para a imprensa: “Queremos redução drástica dos juros para aumentar investimento na produção, aumentar o consumo e, consequentemente, gerar empregos.”
Em Brasília, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, também destacou as mazelas ocasionadas pelos juros altos e os juros que fazem parte dos bens de consumo para a população.
“Infelizmente estamos vivendo um quadro de paralisação de empresas que estão dando férias coletivas, estão demitindo os trabalhadores, e na raiz disso estão os juros altos. 13,75% [a atual taxa de juros] é um crime. Nenhuma empresa vai fazer um investimento produtivo que gera empregos com um patamar de juros nesse tamanho. Então os juros altos são, na verdade, a forma mais perversa, e mais cruel, de transferir riquezas daqueles que são os mais pobres para os que são mais ricos. Os juros que estamos questionando não é somente a taxa básica de 13,75%. São os juros que também estão embutidos nos produtos”, afirmou.
O Copom do Banco Central se reúne nesta terça (20) e na quarta (21), quando no início da noite, ao final do encontro, informará a decisão sobre a taxa de juros.
*Com informações de agências e Centrais Sindicais