Crescimento dos Trabalhistas pressiona Sunak a dissolver o parlamento no Reino Unido
Primeiro-ministro convocou eleições para o parlamento nesta quarta (22). Partido Trabalhista, de oposição, lidera todas as pesquisas e é motivo para antecipação das eleições
por Lucas Toth
O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, dissolveu, nessa quarta (22), o Parlamento e convocou eleições gerais antecipadas para daqui a pouco mais de um mês, em 4 de julho.
Há semanas Sunak vem dizendo que há evidências de que a economia britânica vem melhorando.
“Espero que meu trabalho desde que me tornei primeiro-ministro mostre que temos um plano e que estamos preparados para tomar decisões para que o país floresça por mais arrojadas que elas sejam”, afirmou. “Agora é a hora de o Reino Unido escolher seu futuro.”
No seu discurso, em frente à residência oficial do governo britânico, a casa número 10 da rua Downing Street, em Londres, Sunak disse que o governo “alcançou dois marcos importantes” de redução da inflação e crescimento da economia mais rápido do que outros países do G7.
A oposição, a imprensa e as pesquisas de intenção de voto, no entanto, apontam para outra realidade.
Nos últimos anos, o Reino Unido saltou de uma inflação anual média de 2% para um total de 22% de 2021 até hoje. Ao mesmo tempo, o salário real caiu 2,3% desde o início de 2021, tornando mais difícil para a maioria das população pagar as suas contas de energia e as compras semanais.
Apesar da inflação de abril ter apontado para uma queda acentuada dos preços, de 3,2% em março para 2,3% no mês subsequente, os preços de produtos e serviços para o consumidor seguem crescendo.
No poder desde maio de 2010, quando Gordon Brown (Trabalhista) deu lugar a David Cameron, os conservadores lideraram o Reino Unido para uma “crise do custo de vida” nos últimos três anos.
Por causa da crise do custo de vida, as pesquisas de intenção de voto indicam que os conservadores levariam uma surra nas eleições esperadas para novembro.
Segundo um agregador de levantamentos do site Politico, a diferença entre as siglas é de quase 20 pontos percentuais, com o Partido Trabalhista tendo 44% das intenções de voto nas eleições legislativas ante 23% dos conservadores.
Além disso, o próprio Sunak é altamente impopular. De acordo com a YouGov, 20% dos britânicos são a favor dele, contra 34% que apoiam o líder trabalhista, Keir Starmer.
A oposição alega que a antecipação das eleições gerais para o dia 4 de julho evitaria uma derrota ainda mais acachapante dos conservadores, que devem deixar a liderança do Reino Unido após mais de 14 anos, marcados pelo referendo do Brexit e pela sucessão de cinco primeiros-ministros em oito anos.