CUT, 30 anos: é hora de resgatar origem para renovar atuação

Em artigo, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT reforça a necessidade de ampliar o investimento na organização no local de trabalho

Escrito por: Paulo Cayres, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT

A Central Única dos Trabalhadores completa 30 anos neste dia 28 de agosto. É uma data histórica para o movimento sindical e para a democracia brasileira. Hoje é impossível imaginar o Brasil sem a sua maior central sindical, sem as bandeiras de luta que uniram trabalhadores e trabalhadoras de norte a sul do país em defesa de suas reivindicações, mas também em defesa da justiça social, da cidadania e da soberania de nosso povo.

Há 30 anos, quando a CUT foi fundada, vivíamos sob o jugo da ditadura. De peito aberto, enfrentamos o regime militar e fomos em frente, abrindo caminho para a redemocratização e para a eleição direta para todos os cargos do Legislativo e do Executivo.

Graças às lutas da CUT e seus sindicatos, a classe trabalhadora conquistou avanços fundamentais na Constituição de 1988. Também ganhamos mais respeito dos patrões nas negociações coletivas, abrimos espaço para discutir políticas públicas sob a nossa ótica e combatemos toda e qualquer tentativa de redução de direitos que veio mais tarde com a onda neoliberal.

Elegemos um dos fundadores da CUT para a presidência da República e, com ele, nosso país voltou suas atenções para as demandas sociais e se tornou referência para todo mundo. O movimento sindical cutista foi protagonista nesta mudança de rumo da política econômico-social ocorrida na última década. Quando a Central foi criada, o salário mínimo no Brasil era de 70 dólares e hoje é de 340 dólares, só para citar um dos mais importantes exemplos, uma vez que o salário mínimo, junto com os programas sociais, alavancou o desenvolvimento em todas as regiões.

Foi preciso muita determinação para chegar até aqui. Muitas barreiras foram rompidas para que o país vencesse o preconceito e elegesse, sequencialmente, um operário e, depois, uma mulher para a presidência.

Assim, temos de comemorar muito os 30 anos da Central Única dos Trabalhadores, homenageando todos aqueles que, ao longo desse período, ajudaram na consolidação de sua concepção e prática sindical, contribuíram para que o trabalhador e a trabalhadora tivessem voz ativa no seu sindicato e na sociedade.

Mas, para além da comemoração, este é o momento ideal para refletir sobre os próximos anos e também para resgatarmos princípios que foram ficando pelo caminho, porque a conjuntura de cada período nos conduzia para outras formas de luta.

Este é o momento para revisitarmos nossa origem e investir numa das principais bandeiras que norteou a criação da CUT: a organização no local de trabalho. Será por meio de instrumentos como este, com os sindicatos cutistas atuando efetivamente dentro das empresas e dos órgãos públicos, que poderemos nos renovar e dialogar com o novo trabalhador e a nova trabalhadora.

As manifestações que tomaram o país em junho a partir do Movimento do Passe Livre mostraram a necessidade urgente de refletir sobre a nossa prática e o que deve ser feito para conciliar o caminho institucional que estamos trilhando com um sindicalismo de base renovado.

Temos de recuperar nossa determinação em promover um movimento classista solidário, conscientizando a juventude que hoje está no mercado de trabalho de que o sindicato e a CUT são as instituições que podem unificar a sua voz e estar a seu lado, batalhando por seus sonhos.

Temos de pensar e agir como uma única classe e, para isso, os macrossetores da CUT são passos fundamentais, ao resgatarem o princípio de aglutinar lutas, bandeiras e ações de trabalhadores (as) de um mesmo ramo.

Assim, é nossa tarefa, dirigentes nacionais e estaduais, arregaçar as mangas e percorrer este país, para conhecer a realidade local forjada a partir das mudanças estruturais do país, para dialogar com as bases e para, acima de tudo, conseguirmos cumprir com sucesso nosso papel de interlocutores da classe trabalhadora brasileira.

Ou seja, vamos, aos 30 anos de idade, nos renovar onde começamos a surgir como central: no chão da fábrica e nas bases sindicais. Com muita determinação, com muito orgulho e com a consciência de que o Brasil precisa do nosso sindicalismo. Somos forte, somos CNM/CUT! Somos CUT!

Da CUT

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