Darcy Ribeiro fazia a defesa da unicidade e do imposto sindical
Um dos últimos nomes da grande geração de trabalhistas, o então senador Darcy Ribeiro (PDT) fez seguidas defesas da estrutura sindical construída por Getúlio Vargas, a partir da Revolução de 30. O texto abaixo consta de seu livro de memórias – “Confissões”, Companhia das Letras.
“Há, obviamente, muita coisa mais a formular no novo Projeto Brasil. Mas temos que partir dessas reivindicações e da defesa do que nos resta: o imposto sindical, que sustenta nosso amplíssimo sistema sindical, e a unidade sindical, que se opõe tanto ao Sindicato de empresa norte-americano quanto ao socialismo de sacristia italiano, que fraciona os Sindicatos – católicos, socialistas etc. -, inviabilizando a unidade do movimento operário.
A oposição ao imposto e à unidade sindical tem componentes espúrios, que são os subsídios de organizações estrangeiras, que se opõem ferozmente a eles, negando-se a dar qualquer ajuda a quem queira manter essas conquistas operárias, sejam partidos, sejam Confederações sindicais”.
Fonte – Página 298 do livro “Confissões”, ilustrações de Oscar Niemeyer. A pensata integra o capítulo acerca do governo Jango, do qual Darcy foi chefe da Casa Civil. O ex-comunista aponta o trabalhismo como o caminho das reformas e a continuidade da Revolução de 30, liderada por Vargas.
De genialidade irradiante, o professor e criador de universidade, aqui e pelo mundo, observa também a eficácia da síntese na comunicação com o povo. Exemplo de síntese, que informa e mobiliza, ele aponta: “O petróleo é nosso!”.
Já em 1997, o criador dos Cieps apontava o papel manipulador dos veículos de comunicação. Dizia: “A mídia faz a cabeça de quase toda a classe média, convencida, pelo bombardeio diário dos jornais, rádios e televisões, de que o mundo inteiro está se globalizando alegremente, e em benefício dos pobres”.