Datafolha: Bolsonaro tem a pior aprovação entre os presidentes eleitos
Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (8) indica que a aprovação a Jair Bolsonaro oscilou de 29% para 30%, dentro da margem de erro do levantamento, que é de 2%. A taxa de reprovação, que havia crescido de 30% para 38% nos primeiros oito meses após a posse de Bolsonaro, agora caiu para 36%, variação que também está dentro da margem de erro. Este desempenho, ao final do primeiro ano de governo ,é o pior entre os presidentes eleitos desde o fim da ditadura.
A rejeição a Bolsonaro é mais alta do que a de vários de seus antecessores no Planalto ao final do primeiro ano de mandato. Fernando Henrique Cardoso (PSDB) era aprovado por 41% da população ao fim do primeiro ano, Lula alcançou 42% e Dilma Rousseff (PT) tinha 59% de aprovação a essa altura. Apenas Michel Temer (MDB) e Itamar Franco, que eram vice assumiram após o afastamento dos presidentes, chegaram ao fim dos primeiros doze meses de gestão com reprovação maior que a de Bolsonaro agora. Um ano após o golpe contra a presidenta Dilma, Temer era reprovado por 61%.
A pesquisa Datafolha indicou, ainda, que 39% dos cidadãos acham que a imagem do Brasil piorou no exterior um ano após a posse de Bolsonaro. Outros 25% dizem que o prestígio do país ficou igual e 31% afirmam que ele melhorou. Como comparação, vale destacar que, em dezembro de 2003, no fim do primeiro ano do mandato do presidente Lula, 53% achavam que seu governo tinha contribuído para melhorar a imagem do país no mundo e somente 7% diziam que ela tinha piorado, de acordo com o Datafolha.
Outro dado relevante da pesquisa é a taxa de aprovação ao desempenho do governo Bolsonaro no combate à corrupção, que caiu de 34% para 29%. Enquanto isso, subiu de 44% para 50% a reprovação ao governo nessa área.
Segundo o Datafolha, uma certa estabilização dos números está ligada à lenta recuperação da atividade econômica, que melhorou os índices de aprovação de Bolsonaro entre as camadas mais ricas da população. De acordo com a pesquisa, 43% da população vê com otimismo a situação econômica e acha que ela vai melhorar nos próximos meses. Em agosto, quando ocorreu a última pesquisa, o índice era de 40%.
Ainda assim, o número é significativamente mais baixo do que registrado pelo instituto em dezembro de 2018, pouco antes da posse de Bolsonaro, quando 65% da população demonstrava acreditar que a economia daria sinais de melhora.
O instituto ainda pediu aos entrevistados para que eles atribuíssem uma nota ao governo, em uma escala de 0 a 10. A média atribuída pelos entrevistados ao presidente foi 5,1, a mesma registrada em agosto.
Já o nível de otimismo com a atuação do governo caiu ainda mais desde agosto, atingindo o índice mais baixo desde que Bolsonaro chegou ao poder, mas ainda assim dentro da margem de erro em relação à pesquisa anterior. Em abril, 59% achavam que ele faria um governo merecedor de aprovação. Em agosto, o índice chegou a 45%. Oscilou negativamente mais uma vez em dezembro, chegando a 43%.
A pesquisa ainda apontou os segmentos onde mais pessoas avaliam o governo como ótimo ou bom e que superam a média nacional de 30%. Entre eles estão homens (35%), brancos (37%), evangélicos neopentecostais (39%), pessoas que ganham mais de cinco salários mínimos (44%) e empresários (58%).
Outros setores, no entanto, tem uma prevalência maior de pessoas que avaliam o governo como ruim e péssimo e que superam a média nacional de 36% observada em dezembro. Entre eles estão as mulheres (41%), pretos (46%), indígenas (50%), os mais pobres (43%) e moradores do Nordeste (50%).
Ainda de acordo com o instituto, o temperamento de Bolsonaro continua sendo encarado com desconfiança pela maior parte da população. Os números mostram que 28% dos entrevistados avaliam que o presidente nunca se comporta de uma forma aceitável no cargo. Outros 28% reprovam seu comportamento na maioria das situações e 25% acham que Bolsonaro não se comporta adequadamente em algumas ocasiões. Só 14% acreditam que ele sempre tem comportamentos que condizem com o cargo que ocupa. Ainda segundo a pesquisa, 43% dos entrevistados disseram que nunca confiam em afirmações do presidente, e 37% declararam confiar às vezes. Apenas 19% dos entrevistas dizem confiar sempre e 1% não soube responder. Ou seja, 80% dos entrevistados desconfiam, em algum grau, de Bolsonaro.
O Datafolha entrevistou 2.948 pessoas em 176 municípios do país na quinta-feira (5) e na sexta-feira(6).