De Norte a Sul, Domingo de Greve foi dia de mobilizações em todo o Brasil
Professores e professoras de todo o Brasil aderiram ao Domingo de Greve convocado pela Contee e pelas entidades filiadas e transformaram o último dia 20 de outubro num dia de lazer, mas também de protesto e denúncia contra o excesso de atividade extraclasse ao qual os docentes são submetidos. O domingo também foi dia de luta contra a terceirização nas escolas, que prejudica os trabalhadores, precarizando as relações de trabalho, e compromete o projeto pedagógico das instituições de ensino.
De Norte a Sul, veja abaixo algumas atividades desenvolvidas pelos sindicatos neste Domingo de Greve:
Sinpro/PA: O sindicato convidou os professores para um domingo de lazer na Associação Recreativa dos Correios, em Belém.
Sinpro/AL: O sindicato esteve na orla marítima de Maceió (praia de Ponta Verde) fazendo, junto aos docentes e à Central Única dos Trabalhadores (CUT/AL), uma grande panfletagem para denunciar a situação vivida pelos professores da educação privada de Alagoas.
Sintep/AL: A entidade participou de uma atividade para divulgar a Campanha Nacional que está acontecendo juntamente com a Contee, que visa o combate à terceirização. “Esse fator é uma realidade no cenário do mercado de trabalho, e precisa de esclarecimentos, pois existem muitas dúvidas, o que faz com que aconteça a desintegração de força ao combate a essa prática. Por isso, é necessária uma categoria unida e ativa junto com o sindicato, que, promovendo a discussão e a reflexão sobre essa questão, busca encontrar os melhores caminhos para que essa situação possa ser resolvida. O sindicato está aberto a sugestões e esclarecimentos sobre esse assunto. Participe dessa luta”, ressaltou o presidente do Sintep/AL, Robson Rodrigues Câmara.
O Sintep/AL compreende a importância dessa questão e o que isso representa na vida dos trabalhadores, por isso propõe debates e conversas para entender o que os técnicos administrativos pensam, buscando novas propostas e elaborando estratégias para que os objetivos da campanha sejam alcançados. “A busca pela valorização precisa ser levada a sério, pois são conquistas fundamentais para que haja o desenvolvimento do nosso país e da sociedade em relação a educação”, afirma a entidade.
A atividade se deu na orla da praia de Ponta Verde, onde foi realizada uma panfletagem numa área reservada para a população levar seus familiares e passar todo o domingo em clima de diversão e “relax”, onde pais e filhos desfrutaram de várias atividades de lazer ao som da banda da Polícia Militar.
Sinpro Pernambuco: Com o tema “Domingo de Greve”, os professores da rede particular de ensino de Pernambuco realizaram um ato no Parque da Jaqueira, no dia 20 de outubro, com intuito de denunciar à sociedade que o professor tem sua vida privada invadida pelo excesso de trabalho extraclasse, impostos pelas instituições de ensino. A paralisação foi promovida pela Confederação dos Trabalhadores de Estabelecimentos de Ensino (Contee) em parceria com suas entidades filiadas.
Cerca de 500 professores estiveram presentes no evento. A concentração começou às 8h, com um agradável café da manhã no restaurante Picanha do Futuro. Por volta das 9h30 os docentes seguiram para o Parque da Jaqueira onde assistiram às apresentações musicais de Pacheco Cantador e Coco de Praia, Dudé Levino, Cláudio Brasil e os Caetanos. Eles também desfrutaram de massoterapia e serviços de saúde, como aferição de pressão, exames visuais e orientação sobre câncer de mama.
“Queremos denunciar para opinião pública que devido ao excesso de trabalho extraclasse, os professores estão perdendo seus dias de descanso semanal para corrigir provas, preparar aulas, alimentar sites institucionais e responder emails relacionados ao trabalho. O professor precisa de tempo para descansar, pensar, conviver com a família ou mesmo não fazer nada. Essa prática reduz a qualidade de vida dos docentes”, afirmou o coordenado-geral do Sinpro Pernambuco, Jackson Bezerra.
É importante destacar que, por conta da longa jornada de trabalho, muitas vezes os professores são negligentes com a própria saúde. Sabe-se que o câncer de mama é a segunda causa de morte entre as mulheres. Portanto, em parceria com o Hospital do Câncer e o movimento social “Enfermagem na Rua”, a ação também se engajou à campanha popular “Outubro Rosa” dedicada à conscientização de toda a sociedade sobre a importância da mamografia na prevenção e no diagnóstico do câncer de mama.
“Nossa categoria, em sua maioria, é composta por mulheres. Distribuímos panfletos orientando as mesmas que a prevenção seja a melhor forma de precaver a doença”, afirmou a enfermeira e diretora do Sinpro, Carmela Alencar.
Na mídia:
http://m.jconline.ne10.uol.
Sinpro Goiás: Em Goiânia, a greve foi tema de reportagem veiculada pela TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo, que destacou que os professores de escolas particulares de Goiânia reclamam da falta de remuneração por trabalhos extraclasse, como preparar aulas e corrigir provas.
“Para alertar sobre o problema, eles protestaram no domingo (20) de uma forma diferente: suspenderam as tarefas escolares e dedicaram o dia ao lazer. O sindicato da categoria acredita que 5 mil profissionais aderiram ao movimento”, diz a reportagem.
“Adeladir Abadia da Silva é uma das professoras que paralisaram as atividades. Lecionando em escolas municipais e particulares, ela afirma que educadores da rede pública recebem pelo trabalho levado para casa.
‘No município, nós temos esse tempo para planejar, e no estado também fornece esse tempo para o professor fazer o planejamento na escola. No setor privado ainda não tem. A gente entende que o mais importante pra nós, e prazeroso, é estar na sala de aula com o aluno. Mas o nosso trabalho é muito maior fora da sala de aula e não é remunerado’, ressalta Adeladir.
O Sindicato dos Professores de Goiás acredita que, com a paralisação, as atividades desta segunda-feira (21) serão prejudicadas. ‘Os gestores escolares contam com o trabalho do professor em casa para que o planejamento seja efetuado. A não realização de atividades docentes em casa vai repercutir’, declara o presidente do sindicato Alan Carvalho.
Reunindo 236 escolas, o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia nega que os professores trabalhem mais do que o devido. ‘Desconheço alguma escola que passe trabalho para o professor durante o final de semana. Se o faz, faz contra a orientação do sindicato. O mês tem 4.2 semanas e o professor recebe por 5.25 semanas. Esse 0.75 semana é para o trabalho extraclasse e descanso remunerado’, afirma o presidente do sindicato, Flávio Roberto.”
Leia a carta-resposta enviada ao presidente do Sepe
Sinproep-DF: A entidade realizou a manifestação do Domingo de Greve no Parque da Cidade, com um encontro descontraído entre os professores e professoras e a realização de um churrasco.
A confraternização, como parte da mobilização organizada pela Contee e pela Fitrae-BC, serviu para, de maneira simbólica, mostrar para a sociedade a forma de exploração a que é submetida a categoria de professores, que são obrigados a sacrificar o convívio com a família, nos domingos e feriados, para cumprir tarefas escolares para as quais não recebem.
A manifestação foi uma forma de dizer que o domingo existe não para o professor se ocupar com trabalho de escola, mas para se entregar ao lazer e ao descanso com a família. Muitos dos presentes que estranhavam a proposta de greve no domingo passaram a compreender o objetivo do movimento.
Rodrigo de Paula, presidente do Sindicato, disse do objetivo da mobilização do Domingo de Greve instituído pela Contee e que a manifestação é o início de um trabalho que renderá frutos com seu prosseguimento e vai contribuir como pauta prioritária nas próximas negociações com os empregadores.
Dezenas de professoras e professores e convidados estiveram presentes ao evento e desfrutaram de um dia de domingo ameno, jogando conversa fora e com as crianças se divertindo a valer.
A vice-presidente do Sinproep-DF, Karina Barbosa, e os diretores Sirlei Rodrigues, Gláucie Madureira, Alberto Ribeiro e Trajano Jardim participaram do ato.
Sinpro/JF: Para denunciar o excesso de atividades extraclasse imposto pelas instituições de ensino privadas, o Sindicato dos Professores de Juiz de Fora convocou todos os educadores para a greve de domingo, no dia 20 de outubro. O objetivo foi mostrar que, para os professores, domingo é dia de trabalho e não de descanso. É dia de corrigir avaliações, redações, fornecer conteúdo para os sites das instituições, estudo e planejamento da semana.
Desta forma, no dia 20 de outubro a categoria, em vez de trabalhar, participou de uma manhã de lazer no Museu Mariano Procópio, das 9h às 12h, com apresentação da Caravana Mezcla de Palhaços.
Assista ao vídeo de convocação divulgado pelo Sinpro/JF
Sinpro Campinas: Panfletos, bonés, bottons, camisetas e “pirulitos” foram parte da estratégia usada pelos professores para chamar a atenção da sociedade para o excesso de trabalho extraclasse a que têm sido submetidos cada vez com mais intensidade. Foi o Domingo de Greve dos professores do ensino privado convocado pelo Sinpro Campinas e Região, pela Contee e Fepesp, que reuniu professores de Campinas, Santa Bárbara d’Oeste, Limeira, Americana, Piracicaba, Amparo, Valinhos, Vinhedo, Indaiatuba, Araras, Mogi Mirim e Mogi Guaçu.
Cerca de 80 professores e professoras aproveitaram a manhã do domingo dia 20 para fazer um protesto diferente. A concentração começou no Centro do Professorado Paulista, em frente à Lagoa do Taquaral, onde os professores retiraram os materiais da panfletagem, comeram uma salada de frutas e receberam garrafinhas d’água preparadas pela Vidamax, administradora do convênio médico. Por volta das 9h30 saíram em caminhada pelo entorno da Lagoa entregando folhetos, explicando as razões da greve do domingo para corredores, ciclistas e muitas das famílias que aproveitavam a manhã de lazer no Parque Taquaral.
Os professores percorreram cerca de 5,6 quilômetros distribuindo os materiais da campanha e conversando com as pessoas. “Foi a forma que encontramos de dar visibilidade à nossa luta. Os professores têm sido submetidos a uma carga cada vez maior de trabalho sem que isso seja remunerado pelos patrões”, explicou Cláudio Jorge, presidente do Sinpro Campinas e Região.
Ao invés do descanso e do lazer o professor tem consumido seu tempo dos finais de semana para corrigir provas, preparar aulas, alimentar plataformas online das escolas e para responder e-mails relacionados ao trabalho. “Nós realizamos uma enquete durante 15 dias no mês de setembro para saber quantas horas o professor dedicava fora da jornada de trabalho para cumprir as tarefas exigidas pelas escolas. Descobrimos que 90% dos professores trabalham de quatro a seis horas para cumprir essas tarefas sem a devida remuneração e abrindo mão do direito ao descanso e ao lazer com a família e os amigos”, observou Carlos Camargo Baccaglini, diretor de Imprensa do Sinpro.
“Eu sou professora há 26 anos na rede municipal. Concordo que esse trabalho tem que ser remunerado, mas não sei como. O que acontece é que na escola privada você acaba se submetendo para ter um salário melhor”, avalia Karen Caprini, que aprovou a mobilização.
Roseli Soligo, também professora, disse que a chegada das novas tecnologias precisa ser melhor discutida para ser incorporada. “Acho que cabe a remuneração extra desse trabalho que se faz em casa e que não tem como ser presencial, na escola. Na Prefeitura estamos discutindo isso e remunerando”, lembrou Roseli.
Os pais também se solidarizaram com a luta dos professores do ensino privado e durante as abordagens perguntavam de que maneira poderiam ajudar. O casal Dilma Fonseca e Luis Fernando, com dois filhos em escolas privadas, disse ignorar este trabalho dos professores aos finais de semana. “Acho que alguma coisa tem que ser feita, porque a gente nem tinha consciências disso. É claro que acontece em outras profissões, mas se a gente não denunciar e não questionar vai piorando cada vez mais”, admitiu Dilma Fonseca.
Segundo Cláudio Jorge, presidente do Sinpro, ter dado visibilidade para o problema vai ser fundamental na hora de iniciar as negociações em torno da campanha salarial e que geralmente têm início no final de novembro.
Sinproeste: Em Chapecó (SC), o Sinproeste destacou sua história de mais de 20 anos de luta por mudanças, reformulações e novas propostas para os profissionais da educação e ressaltou que a greve deste dia 20 de outubro foi uma data simbólica para protestar, reivindicar e alertar a sociedade de como os professores do ensino privado atua em sua jornada de trabalho.
Em Chapecó, a mobilização foi a partir de 16h, na Avenida Getúlio Vargas, próximo à loja Havan no calçadão do centro. Já a sede de Concórdia organizou sua festa tradicional para o dia 20 de outubro. A greve se deu, assim, em momento de confraternização e de não trabalho. Em Xanxerê, houve um momento de reflexão na Praça Tiradentes a partir de 15h. Por sua vez, em São Miguel do Oeste, a paralisação teve uma mateada na Praça Walnir Bottaro Daniel.
O Domingo de Greve nas quatro cidades catarinenses foi destaque na RBS TV, afiliada da Rede Globo.
Sinpro Itajaí e Região: Em Itajaí (SC), a concentração para o Domingo de Greve começou às 9h, na pista de skate, em frente à Praça Genério Miranda Lins, em Beira Rio.
Sinpro-Noroeste: O sindicato de Ijuí (RS) preparou uma noite de teatro para os professores. “Dia 20 de outubro será um dia para não corrigir provas e trabalhos, não preparar aulas, não postar materiais no site da escola, nem abrir e responder e-mails da coordenação, alunos ou pais. Vamos protestar não trabalhando”, convocou o sindicato ao convidar os docentes para irem à noite ao Sesc-Ijuí curtirem a peça teatral “Reviravoltas do Coração”, às 20h30, “uma promoção do sindicato para começar bem a semana”.
Sinpro/RS: Os professores do ensino privado do Rio Grande do Sul se reuniram neste domingo, 20 de outubro, no Parque da Redenção, em Porto Alegre, para alertar a sociedade sobre o excesso de trabalho extraclasse demandado aos professores fora da carga horária contratada, comprometendo a saúde dos docentes e a qualidade do ensino. Diretores do Sindicato de todo estado estiveram presentes e entregaram panfletos sobre a campanha.
A entidade destacou que o Domingo de Greve ocorreu em todo o Brasil convocado pela Contee, inspirada na campanha realizada pelo Sinpro/RS em 2011, com repercussão nacional.
“O excesso de trabalho extraclasse é umas das principais causas da exaustão e do adoecimento dos docentes em todo o país”, justifica Cássio Bessa, secretário-geral da Contee. “As instituições de ensino impõem demandas que têm consumido noites e finais de semana dos professores e comprometendo o seu direito ao descanso”.
De 15 a 18 de outubro, o Sindicato promoveu a 2ª Semana da Consciência Profissional, quando dirigentes do Sinpro/RS estiveram nas escolas entregando aos pais e estudantes, panfletos explicando que os professores estão enfrentando jornadas de trabalho cada vez mais elásticas, o que tem afetado a saúde, relações sociais e familiares e a própria qualidade do ensino.
Com o slogan “Excesso de trabalho extraclasse? Não, obrigado!”, a campanha estimulou os professores a preservar o seu direito ao descanso, impondo limites às demandas de trabalho extraclasse impostas pelas instituições de ensino.
“É fundamental mudar esta cultura de que ao professor cabe tudo e em qualquer hora. O nosso trabalho requer dedicação fora da sala de aula, mas isso não significa estar disponível o tempo todo. O professor precisa de tempo para descansar, pensar, conviver com os seus ou mesmo não fazer nada”, defende Cecília Farias, diretora do Sindicato.
A mobilização no RS foi destaque no jornal Correio do Povo e no Bom Dia Rio Grande, da Rede Globo.
Assista aqui ao vídeo da reportagem
Veja as fotos do Domingo de Greve pelo Brasil no Facebook da Contee
Com informações das entidades filiadas
