Debate na FGV discute projetos para a educação
Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil Edição: Aécio Amado
O ministro da Educação, José Henrique Paim, e a ex-secretária de Educação do Estado de São Paulo Maria Helena Guimarães de Castro debateram ontem (21) projetos e programas para a Educação. O evento foi organizado pela Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV Direito Rio) e pelo movimento Avaaz, que constatou em pesquisa online feita com 80 mil membros da comunidade que a educação é uma área prioritária para 96% dos participantes.
Entre os temas específicos, Paim e Maria Helena concordaram que o ensino médio precisa ser reformulado para tornar a escola mais atrativa para os jovens. Para a ex-secretária, é preciso mudar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que “engessa” o sistema e o currículo.
“A nossa proposta prevê uma flexibilização do currículo e a possibilidade do jovem não ter que cursar tantas disciplinas obrigatórias. Você pode ter um currículo mais enxuto, que o jovem curse em um ano, um ano e meio, e depois ele pode aprofundar áreas ou pode fazer um ensino técnico sem ter que cursar três anos de ensino médio. Para isso o Enem não pode ser único, nós estamos imaginando que o Enem teria uma parte obrigatória de português e matemática e as outras provas flexíveis de acordo com as áreas de opção dos alunos”, disse Maria Helena. Segundo ela, também está sendo estudada a possibilidade de se fazer o Enem pelo menos duas vezes por ano.
O ministro Paim informou que o Enem cresce 20% por ano e defendeu que o exame seja feito da forma como está, com segurança para continuar sendo o “grande instrumento de democratização de acesso à educação”. Quanto ao ensino médio, o ministro ressaltou que agora que os recursos do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação] garantiram as matrículas, a complementação para o pagamento de professores, alimentação, material didático e transporte também para o ensino médio, é possível discutir os problemas de aprendizagem e a qualidade, em três eixos principais.
“O primeiro é a reorganização do currículo, que precisa ser feita em comum acordo com os estados, tem que ser discutida no âmbito do Congresso Nacional, e tem que ser dar por áreas do conhecimento, com base no que nós trabalhamos na matriz do Enem. Outra questão importante, é o percurso formativo desse estudante, que tem que ser flexibilizado, fazendo com que o jovem possa ter certificados por módulo, por disciplina. O terceiro, é o eixo para a formação do trabalho, permitindo com que esse estudante, se quiser, tenha a opção de fazer o ensino médio com formação profissional, e o Pronatec [Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego] é a prova de que é possível fazer isso”.
Maria Helena criticou a ênfase que se tem dado ao ensino superior nos últimos anos. “O Brasil começou pelas universidades, sem garantir escola pública para as suas crianças. Nós levamos mais de 200 anos para universalizar o acesso ao ensino fundamental, isso é muito triste e é uma grande dívida nossa. Não é certo começar pelos doutores, o Brasil quis fazer tudo a partir dos estamentos burocráticos, então começou primeiro a formar os doutores. Eu acho que isso não foi bom, provocou uma exclusão maior e uma desigualdade maior”.
Para Paim, essa preocupação é um falso dilema, já que a educação superior é muito importante para a formação dos professores. “Se não valorizar a educação superior não teremos uma formação de professor adequada para encarar o desafio de qualidade na educação. Precisamos agora fazer com que a formação dos professores reflita o que é necessário para os currículos do ensino médio”.
Da Agência Brasil