Depoimentos dos dirigentes da Contee | Por José Carlos Padilha Arêas
Povo palestino luta por liberdade
José Carlos Padilha Arêas *
O conflito entre árabes e judeus já provocou inúmeras mortes e até hoje traz muita tensão e medo, não só aos povos que vivem no Oriente Médio, mas a todos que acreditam na cultura da paz e no direito à autodeterminação dos povos.
Após 65 anos da partilha, realizada com o aval da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1947, o povo palestino ainda sofre com a limpeza étnica, discriminação e o domínio do exército israelense.
No mês de junho, uma delegação brasileira integrada por sindicalistas de diversas entidades que apoiam a luta do povo palestino pela liberdade visitou o país para conhecer de perto a situação. A comitiva foi recebida pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, na cidade de Ramallah. A iniciativa denominada Primeira Missão de Solidariedade ao Povo Palestino foi organizada pelo comitê brasileiro Estado da Palestina Já!
O presidente Abbas agradeceu pelo apoio do Brasil ao povo palestino em todos os níveis, particularmente em relação ao reconhecimento do Estado da Palestina nas fronteiras de 1967. Ele destacou a sua última visita ao Brasil em 2010 quando lançou a pedra fundamental da Embaixada palestina.
A delegação brasileira participou também de reuniões com o comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), com a esquerda palestina, a Central de Trabalhadores da Palestina e com o ministro do Trabalho local. Também foram realizadas visitas às cidades de Belém e Jerusalém.
Durante o trajeto, foi possível notar o crescimento das colônias judaicas que impedem a viabilidade do Estado Palestino, a destruição das plantações de oliveiras, uma das principais fontes de renda do país e dezenas de postos de controle do exército de ocupação israelense.
Essa missão teve como objetivo principal fortalecer e aprofundar a solidariedade brasileira com o povo palestino, para que o Brasil tenha mais informações sobre a situação em que vive a população sob o jugo da ocupação israelense.
A viagem foi muito chocante, pois foi possível ver de perto o sofrimento do povo palestino. Eles vivem em sua própria terra sem a liberdade essencial de ir e vir. Israel construiu um muro cercando toda a Palestina e dividindo o povo da região, desocupando as terras e destruindo famílias. Lá, não existe uma família que não teve algum membro preso ou torturado, sem nenhum tipo de julgamento legal.
É bom ressaltar que a partir da queda dos países do Leste Europeu, a ONU foi enfraquecida e Israel avançou na construção do muro e na invasão de territórios palestinos, com o apoio dos EUA.
Na atual conjuntura de globalização e de política unipolar, a defesa da soberania do Estado palestino torna-se o principal foco de resistência ao neoliberalismo e à prática capitalista.
O reconhecimento do Estado palestino é uma das principais lutas dos povos que acreditam no respeito à autodeterminação dos povos. A retirada das colônias de judeus dos territórios palestinos e o reconhecimento da cidade de Jerusalém como capital do Estado Palestino são outra frente de batalha que devemos apoiar.
A luta pelo Estado palestino deve ser uma luta de todos os povos na defesa de seus Estados, pois reapresenta um enfrentamento ao projeto neoliberal que tenta enfraquecer as nações.
* Dirigente da Contee e do Sinpro Minas.