“Desafio é recuperar musculatura dos movimentos sociais e sindical”

O jornalista Altamiro Borges abriu a reunião da Diretoria Plena da Contee nesta quinta-feira (17) com análise da conjuntura política

Tensão. Essa é a palavra que pode resumir a análise de conjuntura política feita pelo jornalista Altamiro Borges, coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, na noite desta quarta-feira (17), durante a abertura da reunião da Diretoria Plena da Contee.

“Uma marca do período que estamos vivendo é a crise econômica prolongada, sem sinais de recuperação. Isso gera muita instabilidade no mundo, muita falta de perspectiva. Outro sinal desse período são as guerras localizadas, mas que apontam para processos mais amplos. E o terceiro ponto é o avanço da extrema direita. E, na última fase, essas marcas se aprofundaram ainda mais”, elencou Miro. “A impressão é de que as tensões estão a cada dia subindo um andar.”

Na América Latina, como eles destacou, “os governos progressistas estão enfrentando muitas dificuldades no campo popular”. Já no Brasil, há uma “chantagem permanente em cima do governo Lula”. “Cresce a tensão no parlamento, muito adverso”, destacou o jornalista.

Outro ponto de tensão é o provocado pela imprensa. “A mídia estava unificada no impeachment da Dilma, no governo Temer, na defesa do teto de gastos, na defesa da autonomia do Banco Central. Teve uma fratura durante o governo Bolsonaro, quando um setor da mídia passou a criticar o fascismo, o obscurantismo e o negacionismo durante a pandemia. Mas agora a mídia volta a blocar novamente para enquadrar o governo da política extrema e no austericídio fiscal. E vão aumentar as dificuldades este ano em função de ser ano eleitoral. Mesmo esse setor da mídia que criticou o governo Bolsonaro não gosta do campo popular e vai tentar enquadrar o governo neste ano eleitoral.”

Por fim, tem-se uma extrema direita que continua mostrando força nas ruas e nas redes digitais. “Continuam muito ativos também nas articulações internacionais. Essa história do Musk faz parte desses ataques orquestrados. A extrema direita está organizada no mundo. E também muito articulada na ação institucional. Estão se preparando, e bem, para as eleições municipais de outubro”, avaliou.

Diante disso, Miro considerou que o governo Lula se vê acuado. “O governo tem várias iniciativas muito positivas, mas não tem estratégia para o debate de ideias na sociedade e não consegue promover grandes mobilizações, além de fugir de grandes temas.” Um governo eleito com o objetivo de manter a unidade na paz, mas que por isso mesmo, conforme o jornalista, “não se preparou para a guerra”.

Assim como o governo, os movimentos sociais também têm enfrentado dificuldades. O movimento sindical, por exemplo, “até reage bem nas categorias, mas enquanto classe tem tido dificuldade de reação”.

Desafios

“Os desafios continuam sendo os mesmos que se listavam no ano passado. O primeiro é intensificar a luta de ideais para desmascarar e derrotar o fascismo. O segundo é garantir que o governo Lula tenha êxito. Para isso, precisamos aumentar a pressão sobre o governo Lula. O governo tem sofrido muita pressão da mídia, do parlamento, do mercado… Se a gente não aumenta a pressão, o governo vai recuando. Vai ganhando governabilidade, mas fortalece a extrema direita”, ressaltou Miro.

“O terceiro é aproveitar esse movimento histórico para recuperar a musculatura dos movimentos sociais e do movimento sindical.”

Táscia Souza

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