Dia D é tentativa de legitimar a BNCC golpista

Para, supostamente, marcar o início de uma mobilização nacional em torno da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o Ministério da Educação, o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime) estabeleceram hoje (6) como o Dia D de Discussão da BNCC. A justificativa, no portal do ministério, é “promover discussões em diversas localidades do país explicando a estrutura e as competências do texto”. Na prática, porém, o que a gestão golpista de Mendonça Filho à frente da pasta de Educação é legitimar e cooptar apoios a um texto desfigurado e alvo de inúmeras críticas das entidades educacionais e científicas e pelas comunidades escolar e acadêmicas.

Como apontou o professor Luiz Carlos de Freitas no artigo “Dia D da BNCC: 12 razões para não ser coadjuvante”, que merece ser lido, “o dia D proposto mostra como o MEC entende o papel do magistério: um coadjuvante que deve ‘conhecer’ a BNCC e aplicá-la, evidenciando a concepção de um profissional da educação desqualificado, seguidor de receitas no velho estilo tecnicista que escraviza o magistério a processos previamente definidos.”

Em dezembro do ano passado, a Contee divulgou nota de repúdio à aprovação da BNCC golpista pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). A Confederação argumentou que a “decisão favorável a um texto que apresenta uma série de retrocessos desrespeita os processos históricos da educação brasileira e o diálogo com a sociedade, representada por professores, pesquisadores, organizações e entidades que defendem a educação”.

A Contee também destacou que o documento aprovado no fim do ano — e que agora o MEC tenta enfiar goela abaixo na sociedade com este Dia D de hoje — “não representa a educação necessária nem a reflexão de docentes pesquisadores, dos movimentos sociais e dos representantes das organizações educacionais que se debruçaram sobre as discussões da BNCC ao longo dos últimos anos”. Contra isso, sobretudo às vésperas da Conferência Nacional Popular de Educação (Conape), que será realizada daqui a pouco mais de dois meses, a Contee e as demais entidades que compõem o Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE) continuarão lutando, com o desenvolvimento de estratégias para impedir a implementação desse retrocesso.

As escolas democráticas e críticas, que sabem que currículo vai além da lista de conteúdo, devem continuar se contrapondo à aplicação dessa base curricular. Não é apenas o currículo que está em questão, mas todos os ataques que têm visado à destruição da educação. Não legitimamos a BNCC golpista.

Por Táscia Souza

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