Dia do estudante: a educação como direito, luta e esperança coletiva
Celebrar o Dia do Estudante, no Brasil de 2025, é muito mais do que marcar uma data comemorativa. É um chamado à resistência, à consciência crítica e à organização coletiva. É reconhecer que, em cada sala de aula, seja virtual ou presencial, de uma escola, curso técnico, universidade, supletivo, cursinho popular ou EJA, está um espaço que deve formar não apenas profissionais, mas cidadãos plenos, conscientes de seus direitos e do papel transformador da educação.
Neste 11 de agosto, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – CONTEE reafirma seu compromisso histórico com a luta por uma educação democrática, inclusiva, de qualidade socialmente referenciada, comprometida com os interesses do povo brasileiro.
A história do Brasil é marcada pela atuação decisiva dos estudantes em momentos importantes da democracia. Nos anos 1930, foram protagonistas na criação da UNE. Nas décadas seguintes, lutaram contra o Estado Novo, denunciaram a censura durante a ditadura militar, enfrentaram a repressão com livros nas mãos e esperança no peito. Estiveram nas ruas pelas Diretas Já, pelo “Fora Collor”, e, também, contra os cortes na educação e em defesa da ciência, da cultura e da liberdade de cátedra. O movimento estudantil é, historicamente, um dos pilares da resistência popular no país.
Esse protagonismo segue atual. Nos últimos anos, foi a mobilização estudantil que barrou retrocessos, denunciou a precarização das universidades públicas, defendeu o acesso e a permanência dos mais pobres na escola e questionou as bases de um modelo educacional excludente. Os estudantes seguem nas ruas, nas redes e nas instituições, enfrentando velhos e novos desafios, com a mesma ousadia daqueles que os antecederam.
Entre esses novos desafios, estão as transformações trazidas pelas tecnologias digitais. O avanço das plataformas, da inteligência artificial e da automação impõe diálogos urgentes sobre os rumos da educação. Ao mesmo tempo em que essas ferramentas oferecem novas possibilidades de aprendizagem, também aprofundam desigualdades de acesso, impõem modelos pedagógicos padronizados e favorecem o controle de dados e o esvaziamento do papel docente. É preciso garantir que a tecnologia seja um instrumento de democratização do conhecimento, e não mais um vetor de exclusão ou de mercantilização do ensino.
O Brasil vive hoje uma grande tensão: milhões de estudantes resistem cotidianamente à precarização das condições de estudo, à mercantilização da educação e às violências estruturais, enquanto cresce o discurso conservador e elitista que tenta deslegitimar o direito a uma escola pública, gratuita e laica.
Ser estudante, hoje, é enfrentar o sucateamento das políticas públicas, os cortes de bolsas, o endividamento no ensino superior privado, o racismo estrutural, a lgbtfobia, o capacitismo, o machismo e o autoritarismo que insiste em rondar os corredores da educação. Mas é também, e sobretudo, ser protagonista das grandes transformações sociais que precisamos para um país mais justo, soberano e solidário.
É por isso que a CONTEE defende um novo marco regulatório para a educação privada, que garanta qualidade e fiscalização, e que proteja o direito dos estudantes à aprendizagem real, não apenas à certificação vazia. Defendemos o fortalecimento do Sistema Nacional de Educação, a implementação do Plano Nacional de Educação com ampla participação social, a valorização dos profissionais da educação, e o combate à lógica empresarial que trata a educação como mercadoria.
Nosso compromisso é com todos os estudantes, e também com aquele que trabalha o dia inteiro e encara a sala de aula à noite. Com os estudantes indígenas e quilombolas que enfrentam o racismo institucional para afirmar seus saberes e suas culturas. Com cada corpo que ocupa, resiste e transforma a escola em abrigo e potência.
Neste Dia do Estudante, não basta comemorar. É preciso lembrar que, em cada momento de avanço democrático na história do Brasil, a juventude e os estudantes estiveram na linha de frente. E estarão de novo. Porque educar é um ato político. E estudar, neste país desigual, é também um ato de coragem.
Que nunca nos falte esperança, nem nos faltem a força e a consciência crítica para seguir lutando juntos.
Por Antônia Rangel




