Dia Internacional Nelson Mandela – Pela liberdade, justiça e democracia
Neste dia 18 de julho, em que se comemora o Dia Internacional Nelson Mandela – Pela liberdade, justiça e democracia (em referência à data de nascimento do líder sul-africano), o Portal da Contee republica o artigo escrito pelo consultor jurídico da Confederação, José Geraldo de Santana Oliveira, em dezembro do ano passado, por ocasião do falecimento de Mandela. Seus ideais continuam presentes!
Tributo ao arauto da liberdade: Nelson Mandela
Por José Geraldo de Santana Oliveira*
“Se a minha teoria estiver certa, a Alemanha dirá que sou alemão, e a França, que sou cidadão do mundo. Porém, se estiver errada, a França dirá que sou alemão, e a Alemanha, que sou judeu”.
Estas enigmáticas palavras da epígrafe foram ditas pelo físico alemão Albert Einstein, ao início do século XX, quando o mundo discutia, entre desconfiado e maravilhado, a sua teoria da relatividade especial.
Nos idos dos anos de 1940, também no século XX, o bravo e heroico povo da África do Sul deu início a uma multidecenal e inacreditável trajetória de luta, de vida e morte – muito mais morte do que vida – contra o nefasto e deplorável regime segregacionista, que o infelicitou por cerca de meio século, chamado de “apartheid”.
Os cruéis governantes que se sucederam na condução deste odioso regime ao menos em um ponto tinham unidade absoluta: o desumano combate ao movimento de libertação que a cada dia ganhava mais adepto e mais força, conduzido pelo Congresso Nacional Africano (CNA), liderado por muitos abnegados, com destaque, a partir da década de 1950, para o advogado Nelson Mandela.
O apartheid, desesperado com a multiplicação geométrica – metaforicamente falando – dos que o condenavam e que, generosamente, davam a sua vida para combatê-lo, prendeu Nelson Mandela em 1962 e, em 1965, condenou-o à prisão perpétua, mantendo-o encarcerado por 27 anos, 18 dos quais em uma minúscula cela.
Pois bem. A sangrenta sanha do apartheid não foi suficiente para calar o povo africano e muito menos seu principal líder, que fez da causa da liberdade a sua razão de viver, sem se preocupar com as consequências desta dedicação total; nem mesmo os 27 anos de segregação absoluta, no regime segregracionista, foram suficientes para arrefecer o seu ânimo e o seu vigor libertário.
O líder Nelson Mandela, em sua sobre-humana história de luta pela liberdade, deu razão ao cantor Paulinho Moska, que, em sua belíssima música “Espaço Liso”, assevera: “Eu amo a causa e não a consequência”.
Mas felizmente para os sul-africanos e para todos os amantes da liberdade, a causa de Mandela teve consequência feliz: o trunfo incondicional dela.
Pois é. Aquele líder negro que muitos, por anos a fio, viram com desconfiança, e que foi caçado pelo apartheid, por décadas a fio, como se caça um tigre assassino, tornou-se, com justiça, cidadão do mundo, não pela confirmação da teoria da relatividade de Einstein, mas, sim, pela dedicação ao bem maior da humanidade: a liberdade.
Todos os meios de comunicação, em todas as partes do mundo, desde 5 de dezembro de 2013, a cada instante repetem: Nelson Mandela morreu.
Mas, será que Nelson Mandela morreu, mesmo? Como ensina o escritor italiano Luiggi Pirandello, morre o ser humano, morre o criador; mas a criatura não morre jamais.
Por isto, deve-se dizer, como único meio razoável de homenageá-lo: o corpo de Mandela morreu. Porém, o seu nome, as suas lições de vida, as suas crenças na liberdade e no ser humano, a sua bravura, as suas incomparáveis serenidade e simplicidade não morrerão, nunca morrerão
Nelson Mandela, sem favor algum, pode fazer suas as palavras do lendário personagem da idade média, Fausto – magnificamente retratado pela refinada pena do romancista alemão Goethe, em obra com título do nome deste personagem -, que dizia: “os vestígios de meus dias na terra passados nem em milênios serão apagados”.
Talvez fosse muito sensato dizer, como o romancista maior, Machado de Assis, em sua crônica “Sobre a morte e morrer”, que Nelson Mandela não morreu, aposentou-se a vida; ou, como o fabuloso e, igualmente, imortal escritor mineiro Guimarães Rosa: Nelson Mandela ficou encantado.
Por tudo que já se disse e se dirá sobre Nelson Mandela, por todo o sempre, os amantes da liberdade e os que cremos, incondicionalmente, no ser humano, como ele fez, ao longo de seus 95 anos, temos o impostergável dever, hoje e sempre, de reverenciá-lo.
Vivas a Nelson Mandela.
Vivas à liberdade, na qual acreditou e à qual se dedicou, sem receios e sem fronteiras, Nelson Mandela.
*José Geraldo de Santana Oliveira é consultor jurídico da Contee