Direita defende escolas cívico-militares, mas não tem filho nessas escolas
Contee Conta desta segunda (9) contou com a participação do deputado distrital Max Maciel (PSOL) e tratou sobre o fascismo nesse modelo de escola militarizada
No Contee Conta desta segunda-feira (9), tivemos o deputado distrital Max Maciel (PSOL), que é pedagogo e ativista social, debatendo sobre as escolas cívico-militares e a importância da informação sobre o assunto, bem como da quebra de estigmas perante a sociedade.
O pedagogo explica que a direita defende escolas cívico-militares, mas não tem nenhum filho nessas escolas; entretanto, tem seus filhos em escolas particulares. Max Maciel solicitou um estudo e trouxe dados que mostram que os alunos que não seguem o ritmo são transferidos. Nessas escolas, o pagamento que recebem vai para o pagamento do policial. Ele afirma que há professores que sofrem assédio moral por parte dos policiais e que não têm liberdade para dar suas aulas. “Não tem como me dizer que escolas cívico-militares são boas se não há um debate e nem pesquisa sendo feita sobre o assunto”, afirma Max Maciel.
Militarização não resolve violência
O deputado distrital explica que a mídia dá mais voz a um ambiente violento do que destaca os talentos que existem na escola. Max Maciel relata que violências também ocorre em escolas particulares, mas que essas conseguem abafar os casos. Ele sustenta a pauta de que é de extrema necessidade fazer um levantamento sobre em quais escolas ocorrem casos de violência e não generalizar. Max acredita que, com mais investimentos na educação e inclusão, os alunos teriam mais vontade de estar na escola e participariam das atividades da comunidade escolar.
“Trabalho de crise ou de gestão se faz com participação ampla e popular. Temos que envolver todos os segmentos da sociedade e entender que a escola é parte do território. A escola não pode se fechar para a comunidade, e nem a comunidade se fechar para a escola”, explica o deputado distrital.
Projeto fascista
O coordenador-geral da Contee, Gilson Reis, pontua que, se a sociedade tratar a escola e os alunos de forma desigual, referente ao investimento na escola, cria dois tipos de escola: aquela com investimento e menor desempenho, como as escolas cívico-militares, e aquela com menos recursos, que tem mais democracia e um aspecto pedagógico mais convincente para o aluno.
“Temos muitos governadores que ainda defendem as escolas cívico-militares porque temos ainda essa onda bolsonarista. Mesmo que tenhamos derrotado essa figura, a onda ainda continua e está se perpetuando em determinados governos que foram eleitos com esses discursos”, comenta o pedagogo Max Maciel.
O deputado distrital esclarece que escola militar é diferente de uma escola cívico-militar, desde seu projeto arquitetônico até para quem se destina. A escola militar é destinada para filhos de oficiais que fazem uma prova para ingressar, ao passo que o restante da comunidade corre até o risco de ainda pagar mensalidade. “No Goiás foi o primeiro lugar onde teve mais de cem escolas cívico-militares, e no início o uniforme custava R$ 400. Quem é empobrecido consegue comprar um uniforme nesse valor? Ou seja, quem não tinha esse dinheiro era mandado para outra escola mais longe de casa”, pontuou o ativista social.
Gilson Reis fala sobre as questões dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro e traz a questão de que o governador Ibaneis Rocha estava sendo investigado sobre sua omissão na segurança do Distrito Federal. Ele levanta a pauta de que as escolas cívico-militares ganham ainda mais visibilidade com esse governo muito próximo de conceitos neofascistas.
“Eu ainda não sei se conseguimos ligar as duas coisas, porque de fato conseguimos mostrar para a população qual era o projeto político dessa turma. Mas trazer isso para dentro da escola, confesso que podemos ter uma certa dificuldade. Já que os pais podem achar que o filho vai estar seguro em uma escola cívico-militar, que ele não vai tomar um tiro, ou que não será roubado. Por isso precisamos envolver a comunidade em um debate mais sincero”, relata o deputado distrital. Max Maciel explica que não é negando a polícia que se envolve uma comunidade, e sim enaltecendo o que a população visualiza como educação.
Conae Extraordinária
Em relação à Conae Extraordinária, que acontecerá no ano que vem, em Brasília, Max Maciel relata que é o evento é de extrema importância e comenta que existem bons modelos para a educação a serem debatidos na Conferência, mas que nenhum deles é uma escola cívico-militar. O deputado também traz a pauta de que não é fácil mudar o modelo educacional, mas é necessário dar visibilidade para a valorização do professor — que hoje, no Distrito Federal, ganha a metade de um policial. O parlamentar reforça, porém, que seu intuito não é baixar o salário policial e sim aumentar o salário do professor, que é uma profissão forma todas as carreiras.
Assista à íntegra do programa: