Dirigentes da CTB afirmam que é indispensável manter e intensificar a pressão contra a PEC 32 nas ruas e nas redes
Cresce a sensação de que o governo Bolsonaro está encontrando dificuldades para garantir os votos necessários à aprovação da PEC 32 (reforma administrativa) no plenário da Câmara Federal. “Mas não podemos baixar a guarda”, alerta o presidente da CTB, Adilson Araújo, que mantém cautela em relação a informações veiculadas na mídia de que o projeto dificilmente será votado neste ano.
É preciso compreender que existe interesse em arrefecer a mobilização contra a proposta, criando a ilusão de que a batalha já está perdida para o governo. Araújo lembrou que dias atrás predominava no meio sindical e na oposição a avaliação de que o relatório da PEC 32 seria derrotado já na Comissão Especial. “Porém, o que se viu foi a tropa de choque do Palácio do Planalto liderada pelo Centrão alterando a composição da Comissão para atropelar e impor a aprovação, o que de fato acabou ocorrendo. Cabe agora extrair as lições desta experiência”, observou o sindicalista.
“Precisamos seguir mobilizados, a PEC 32 continua sendo uma séria ameaça ao Brasil e ao povo brasileiro”, salientou. “É indispensável continuar pressionando, mobilizando, debatendo e conscientizando o povo sobre o caráter perverso da reforma. A privatização dos serviços públicos está na mira do governo. Este utiliza do discurso fiscalista, coloca o congelamento dos gastos e investimentos públicos acima de tudo e de todos, um pretexto para o desmonte do Estado, o sucateamento da saúde, da educação, da ciência, o fim dos concursos públicos, da estabilidade e da carreira do servidor. Isto tudo é uma lástima. Eu penso que a gente tem de reagir e a melhor reação é seguir vigilantes pressionando nas ruas e nas redes”, arrematou.
Mobilizar nos estados e municípios
No mesmo diapasão, o secretário de Serviços Públicos e dos Trabalhadores Públicos da CTB, João Paulo, o JP, ressaltou a necessidade de manter a pressão.
“Nosso movimento decidiu que vamos pressionar em todas os estados e municípios, em todas as instâncias porque é na base que os parlamentares devem ser abordados e cobrados sobre a intenção de voto em relação à proposta e suas razões. Pressionar com carros de sons, nas feiras, em todos os locais”, sublinhou.
Na opinião de JP “o governo de fato tem receio de ser derrotado e no momento não reúne os votos necessários para aprovar sua reforma administrativa no plenário da Câmara”, mas isto não significa que a batalha já esteja decidida.
“Nós estamos dialogando, mobilizando e pressionando. Falamos com o vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos, que nos garantiu que é contra a PEC do jeito que está, considerou que é inoportuno votar uma proposta de reforma desta magnitude neste momento de pandemia. Vamos continuar com as manifestações em Brasília e mantendo uma vigilância incansável. E mais, vamos deliberar sobre a deflagração de uma greve geral no dia de votação se a proposta for levada a plenário, vamos desligar o Estado brasileiro para barrar esta malfadada PEC 32. É a destruição dos serviços públicos que está em jogo, a privatização da saúde e da educação”, acrescentou.
“Vamos manter o movimento e continuar pressionando, pois sabemos que se baixar a guarda na calada da noite eles podem votar, como ocorreu em relação ao projeto de privatização dos Correios”, disse o secretário de Serviços Públicos da CTB, que também enalteceu a participação da central classista na mobilização em defesa dos trabalhadores e dos serviços públicos. “A CTB se destaca neste momento todo”, afirmou.