E vem lá de São Paulo – Fepesp: Identificação com professores é a chave da boa comunicação sindical

O título deste texto tem menos de 70 caracteres. Cabe nas principais redes sociais e não aparece cortado em mecanismos de busca como o do Google. Quem dá a orientação é o especialista em meios digitais Marcelo Soares. Jornalista da Folha de S.Paulo, Soares ministrou uma oficina para os profissionais de comunicação dos 26 sindicatos integrantes da Fepesp, na terça-feira (30), no auditório do Sinpro São Paulo.

Com a temática de “como ser lido na web”, o jornalista traçou um dos principais problemas de quem produz conteúdo para meios digitais: cada vez é mais fácil de publicar e cada vez é mais difícil de ser lido. “Não tem nada mais informativo do que histórias de pessoas, e nos sites dos ‘Sinpros’ não se vê isso. Eu encontrei a voz do sindicato, que é importante, é a missão do trabalho de vocês. Mas precisaria ter a voz do professor. Contar casos de sucesso na carreira dos professores, por exemplo, cria identidade do leitor com o seu site”, diz, ao falar sobre a ausência de narrativas que tenham professores como referência.

Entre as dicas, Soares deu orientações de como os sindicatos podem alcançar a base – no caso, professores e auxiliares da rede privada – com qualidade e em maior número, aproveitando-se de que “hoje todo mundo tem acesso à internet no bolso”. Outro alerta foi quanto ao uso de jargões, que não criam identificação com a categoria. Um exemplo citado foi o “PL 4330 – da terceirização”: será que a categoria acompanha o projeto pelo número? Segundo o especialista, os sindicatos têm a vantagem de conhecer o seu público de antemão. Então, partindo daí, precisaria responder a questões básicas como “o que a gente espera que esse público faça? E que ideia podemos passar para esse público?”.

união entre entidades que integram a Fepesp é um ponto chave levantado pelo jornalista. O uso compartilhado de informações e a possibilidade de ter 25 meios digitais deve ser aproveitado para aumentar a visibilidade e a força dos sindicatos. “Uma parceria legal pode reforçar todo mundo. Claro que depende do que você produz. O Sindicato de São Paulo vai publicar um evento que só ocorrerá em Bauru? Não. Mas vídeos e artigos de interesse público devem ser usados por todos os sindicatos”, diz Soares.

Informação é uma dieta

Em meio à infinidade de alternativas, a internet pode ser um caminho sem volta. O feed de notícias – a famosa “linha do tempo” – de redes sociais como Facebook e Twitter não para e não costuma esperar o tempo de leitura de quem está do outro lado da tela. Como, então, prender a atenção do internauta? “A busca se dá por um leitor devotado, atento e fiel à mensagem que queremos passar. Esse é o grande gargalo hoje: a questão de como a gente se conecta com o público”, diz.

Como em uma dieta, a informação deve ser consumida de forma saudável e balanceada. Esta ideia Soares traz do livro “A Dieta da Informação: Uma Defesa do Consumo Consciente”, do escritor Clay A. Johnson. O bombardeamento de textos, vídeos e fotos não só tornou o tempo mais escasso, como influenciou também na atenção dada pelo leitor.

Na internet , o primeiro elemento visualizado pelo leitor é o título. É o que determina se o leitor continuará na página ou não. “O título é uma arte pouco apreciada. No entanto, cada vez mais ele se torna importante”, diz.

A busca pelos cliques deve ser acompanhada pelo tempo que um internauta permanece em uma mesma página. Como instrutor de técnicas de reportagem pensadas para a web, Soares dá as dicas para o formato do conteúdo:

·         Título: unidade básica da descoberta;

·         Texto: unidade básica de informação;

·         Imagem: unidade básica de identificação e facilitadora de compartilhamento;

·         Lista: organiza informações e oferece valor;

·         Vídeo: deve ser conciso e bem editado.

O valor de cada palavra

Todo jornalista sabe que, para uma comunicação eficiente, o texto precisa ter uma linguagem clara e objetiva. No ambiente da internet, a redação deve ser ainda mais precisa e obedecer a uma economia maior de palavras, com o uso de termos curtos e conhecidos do público. Para ajudar os profissionais da imprensa a desenvolver a habilidade de produzir conteúdo de relevância na rede, foi criado o livro “Como escrever para a web”, escrito pelo jornalista colombiano Guillermo Franco e traduzida para o português pelo Marcelo Soares.

Atrair a atenção das pessoas na internet e fazê-las compartilhar suas notícias são o principal objetivo dos veículos de imprensa. Acontece que várias equipes de comunicação ainda se sentem frustradas quanto ao seu limitado alcance na web. Esse problema pode estar relacionado à falta de identificação da reportagem veiculada com o público-alvo. “Quando isso acontece é porque falta o ‘gatilho’ que atiça no leitor a sua vontade de querer abrir aquele determinado site”, afirma Soares.

Para o instrutor, a internet é uma ferramenta fascinante por que é adaptativa às necessidades de cada um, sendo possível construir qualquer tipo de linguagem que torne a informação mais interessante e inteligível. Os textos online precisam, portanto, passar por um processo de maturação e se adaptar às particularidades deste meio. Em seis capítulos, o livro ‘Como escrever para a web’ explica, de uma maneira fácil e intuitiva, técnicas como o uso da pirâmide invertida, uso da voz passiva e a minimização de pontuação sempre que necessário, além de conceitos que medem o padrão de leitura de um usuário em uma homepage e a facilidade com que ele tem de ler e interpretar um texto da internet.

O livro é um manual imprescindível para todos os jornalistas. E a discussão sobre como melhorar a produção textual para o ambiente online também continua no Facebook, onde mais de mil jornalistas de várias partes do mundo compartilham suas experiências no grupo ‘Cómo escribir para la web’.

Da Fepesp

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