E vem lá de São Paulo – Sinpro ABC: Consciência Negra: entrevista com Vicentinho
No dia 20 de novembro comemoramos o “Dia Nacional da Consciência Negra”, em homenagem a morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.
“A data é marcada pela luta contra o preconceito racial e contra a postura social de inferioridade da classe perante a sociedade. Na comemoração do dia nacional da consciência negra enfatizo também sobre o respeito aos negros, enquanto seres humanos, além de propor um trabalho para conscientizar às pessoas da importância da raça negra e da cultura afro na formação do povo brasileiro”.
Esta é a opinião do deputado federal Vicente Paulo da Silva (Vicentinho – PT) que falou com exclusividade ao SINPRO ABC, sobre a comemoração do Mês da Consciência Negra.
Vicentinho lembra que a luta dos afro descendentes no Brasil tem sido árdua e difícil, mas que com o advento do governo Lula a situação melhorou muito. “O povo negro passou a ser reconhecido pelo Estado e diversas ações estão sendo levadas a cabo no intuito de estabelecer uma política de enfrentamento ao racismo e reconhecimento da importância histórica do povo negro”. Segundo o deputado “A criação da SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS PARA A IGUALDADE RACIAL (SEPPIR), foi a principal conquista” nos últimos anos. Vicentinho lembra que os resultados concretos das políticas afirmativas já se apresentaram em várias áreas, “como no mercado de trabalho onde é possível perceber forte ascensão do povo negro, ainda que longe das estimativas esperadas. A educação também precisa ser levada em conta, já que nos últimos doze anos conseguiu-se proporcionar o acesso à universidade para um número de pessoas negras nunca visto antes na história do país”.
Preconceito Velado
De acordo com o deputado, no Brasil existe um preconceito velado contra os negros, “pois durante centenas de anos vivemos este estigma. Por isso não podemos achar que ele vai acabar apenas com a implementação de políticas públicas. O preconceito é reforçado diariamente, de forma subliminar, por diversos meios, desde a família até a mídia”.
Vicente Paulo da Silva disse que já sofreu discriminação, inclusive depois de eleito deputado. “Recordo-me de um fato, já como deputado federal, encontrava-me na portaria de um hotel, em Brasília e um hóspede chega até nós (eu estava acompanhado de outro parlamentar) e pede-me para buscar o seu carro. Entre tantas pessoas que estavam ali, inclusive meu colega parlamentar, o hóspede pede justamente a mim”. Vicentinho ressalta ainda que a discriminação em nosso País não é somente contra os negros, afeta também as mulheres, casais homo afetivos, índios, povos de religiões tradicionais africanas, pobres, entre outros”.
“Concordo com a lei de cotas para o acesso à Universidade, mas espero o dia em que não precisaremos mais de leis de cotas para reparações sociais”
Lei 10.639/03: Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nas escolas.
Vicente Paulo da Silva diz que apesar de muitos materiais didáticos terem sido produzidos e, revisões nos conteúdos serem realizadas a fim de desenvolver a prática pedagógica sem deturpações, ainda não há uma coerência entre a teoria e a prática no que diz respeito a essa lei. “Isso se evidencia porque as questões relativas à aplicação da lei, ainda são discutidas em diversos eventos científicos envolvendo vários especialistas, resultando em trabalhos, posicionamentos, materiais de apoio aos professores e outras propostas. Entretanto, infelizmente, ainda encontramos profissionais da educação sem o preparo necessário para desenvolver questões relativas à história e cultura afro-brasileira e africana”.