Educação para poucos: Enem deste ano tem menos pretos, pardos, amarelos e indígenas

Em 2020, 63,2% dos estudantes eram pretos, pardos, amarelos ou indígenas. Neste ano, eles representam uma fatia menor do total: 56,4%

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que registrou em 2021 um total de 4 milhões de inscritos – o menor número desde 2007, quando se inscreveram 3,57 milhões de estudantes -, vai ficar marcado também por ser o que teve a maior redução de de pretos, pardos e indígenas inscritos, em comparação com a última edição da prova.

Em 2020, 63,2% dos estudantes eram pretos, pardos, amarelos ou indígenas. Neste ano, eles representam uma fatia menor do total: 56,4%. Já os brancos, passaram a ter maior representatividade: saltaram de 34,7% em 2020 para 41,5% em 2021.

Os dados são de  levantamento do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), feito a pedido da Globonews, com base nos microdados de inscritos no Enem 2021, publicado no G1.

De acordo com o levantamento, na edição de 2020, eram aproximadamente 2,7 milhões de estudantes pardos – neste ano, foram 1,3 milhão (redução de 51,7%). A queda também ficou acima de 50% entre pretos (53,1%) e indígenas (54,8%). Por outro lado, considerando os candidatos brancos, a diminuição foi mais sutil: de 35,8%.

A classificação é feita com base na autodeclaração opcional dos alunos, no momento da inscrição.

De acordo com o Semesp, a queda representa um retrocesso em relação à inclusão e à diversidade de alunos na educação superior, já que o Enem é a maior porta de entrada para a universidade pública no país.

Uma das razões para a queda de inscritos foi a decisão do ministro da Educação, Milton Ribeiro, de não isentar os jovens pobres da taxa de R$ 85 de quem faltou a prova em 2019 por causa da pandemia do novo coronavírus.

No início deste mês, em entrevista a TV Brasil, o ministro da Educação afirmou que a “universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade”.

De acordo com Milton Ribeiro, as verdadeiras “vedetes” do futuro deveriam ser os institutos federais, capazes de formar técnicos.

“Tenho muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande”, disse Ribeiro, em entrevista ao programa “Sem Censura”, ignorando que uma das razões do desemprego é a falta de uma política econômica do governo Jair Bolsonaro (ex-PSL), falta de projetos e investimentos em infraestrutura e em todas as áreas que podem melhorar o mercado de trabalho.

CUT

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo