Educadores aprovam Enem como forma de ingresso na Universidade de Coimbra

A decisão da Universidade de Coimbra, em Portugal, de aceitar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como forma de ingresso na instituição levantou o debate sobre a internacionalização do ensino. Especialistas ouvidos pelo Correio defendem o intercâmbio de estudantes brasileiros com universidades do exterior, por meio de programas como o Ciência Sem Fronteiras, para alunos de graduação, mas ressaltam aspectos que ainda precisam ser aprimorados. Enviar mais estudantes de mestrado e doutorado para o exterior e ampliar o leque de acesso a trabalhos estrangeiros estão entre as medidas citadas.

Reitor da Universidade Católica de Brasília e consultor de projetos internacionais da Cordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Afonso Celso Danus Galvão defende que o Ministério da Educação (MEC) invista em bolsas de estudo no exterior para alunos que cursam mestrado e doutorado. Ele explica que o Brasil tem um déficit de professores com título de doutor. “De 340 mil, apenas 25% são doutores. A maioria está nas escolas federais”, argumenta. Galvão alega que a presença de mais mestres e doutores dá mais consistência à produção científica das universidades. “Nós não temos ainda nenhuma universidade entre as 200 melhores do mundo, o que é uma vergonha”, opina.

Já os investimento em bolsas de graduação não trazem tantos resultados, avalia o reitor. “São raros os alunos do Ciência Sem Fronteiras que fazem pesquisa”. O coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, elogia a iniciativa do Ciência Sem Fronteiras, mas também faz ressalvas. “É necessário avaliar o custo da matrícula do estudante no exterior e o custo da permanência”, ressalta. O programa visa a conceder 101 mil bolsas no período de quatro anos para alunos de graduação e pós-graduação fazerem estágios em universidades do exterior.

A atitude da Universidade de Coimbra anunciada na última semana é bem vista por Cara. “Ocorre que Coimbra tem tido dificuldade de manutenção, então, essa é uma forma de garantir recursos. É uma estratégia inteligente e um sinal de que a universidade vê com bons olhos o processo de seleção brasileiro”, diz. A mensalidade na instituição portuguesa custa o equivalente a R$ 2,1 mil.

Do Correio Braziliense

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