Eleger Lula é nossa estratégia para não morrer

Por Cristina Castro*

Num paredão. Foi onde o deputado federal bolsonarista Éder Mauro (PL-PA) clamou, em plena Comissão de Direitos Humanos e Minoria da Câmara dos Deputados, que fosse colocada uma professora que usou imagem de Jesus Cristo em prova escolar. A imagem em questão foi um meme feito a partir da obra “Cristo Crucificado”, do pintor espanhol Diego Velásquez, acrescida da frase-lema do bolsonarismo: “Bandido bom é bandido morto”.

Para o deputado, assim como para a esmagadora maioria de quem apoia Jair Bolsonaro (PL) e sua candidatura à reeleição, professor é exatamente isso: bandido. E, se a frase denunciada pela prova é o lema — e por isso mesmo incomodou-os tanto —, o destino do magistério é mesmo, para eles, o paredão de fuzilamento.

Nada diferente do caso acontecido em Cuiabá e denunciado pela Contee e pelo Sintrae-MT no ano passado. Quando helicóptero do Ciopaer (Centro de Integração de Operações Aéreas) sobrevoou o Colégio Notre Dame, com uma bandeira do Brasil, como reação intimidatória e violenta a críticas feitas por uma docente à (má) política ambiental do atual governo, o objetivo, simbolicamente, também era fuzilar a professora.

Não nos enganemos. Matar o magistério e, por extensão, a educação crítica e democrática, faz parte dos planos de quem elegeu Bolsonaro no passado e de quem segue pretendendo elegê-lo agora.

Na semana passada, pesquisa Datafolha nos trouxe o alento de que, como 48% das intenções de voto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estaria mais perto de vencer, ainda no primeiro turno, as eleições presidenciais de 2022. Bolsonaro, porém, ainda soma 27% das intenções de voto. Não é pouco.

Significa que há 27% de eleitores dispostos a fazer o Brasil seguir no pesadelo em que se encontra. São 27% de eleitores que concordam com a destruição da educação, seja pelo desinvestimento e/ou cobrança de mensalidades nas escolas e universidades públicas, seja pela perseguição, censura e criminalização da atividade docente, seja pela militarização do ensino, seja pela aprovação do homeschooling.

São 27% de eleitores que acham que professores são “jumentos comunistas” — para usar as palavras do deputado Éder Mauro — que devem ser fuzilados por ousarem crer no verbo esperançar.

A pesquisa Datafolha nos trouxe, sim, um fôlego. Mas é isso que deve ser: uma tomada de ar para seguir na luta. No último dia 1°, outra sondagem, desta vez do Instituto Paraná Pesquisas, trouxe números diferentes, segundo os quais Lula teria 41,4% das intenções de voto, contra 35,3% de Bolsonaro. Os dados não são confiáveis ou o pelotão de fuzilamento está em maior número do que se pensa?

Não existe tempo para a dúvida nem para o descanso. O compromisso de cada cidadão e cidadã que se oponha à barbárie é ganhar voto todos os dias para eleger Lula presidente. Cada um e cada uma deve ter o compromisso de se perguntar todas as noites: quantos votos ganhei hoje para o projeto de desenvolvimento e de restauração da democracia do Brasil?

Derrotar Bolsonaro e assegurar a vitória de Lula no primeiro turno, bem como eleger parlamentares comprometidos com a defesa da educação  pública, de qualidade, gratuita, democrática, inclusiva, que assegure formação integral, ampla e humanizada. Esse deve ser o propósito de todo trabalhador e trabalhadora da educação que não queira ser crivado pelas balas, metafóricas ou não, de quem pega em armas para destruir o País.

Parafraseando Conceição Evaristo, eles estão combinando de nos matar. Precisamos combinar de não morrer.

*Cristina Castro é coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Contee

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