Eleições 2022: Executiva defende mobilização total e militância ativa para reta final
Contee vai fazer chamamento à base da categoria — professores, técnico-administrativos e auxiliares — no sentido de mobilizar militantes e povo para essas últimas três semanas de debate eleitoral, antes do pleito
A Diretoria Executiva da Contee entende que, nesta reta final das eleições, é preciso “mobilização total e militância ativa”, a fim de tentar a vitória no primeiro turno. Essa foi a orientação política sintetizada pelo coordenador-geral da Confederação, Gilson Reis, em reunião dos diretores realizada nesta sexta-feira (9), por meio virtual.
O coordenador-geral propôs ainda a elaboração de chamamento à base da Contee — professores, técnico-administrativos e auxiliares — no sentido de mobilizar militantes e povo para essas últimas três semanas de debate eleitoral, antes do pleito.
Reis entende que “é preciso tensionar” o debate político-eleitoral para inverter tendências eleitorais.
Conjuntura internacional
Ao abrir a reunião, Gilson Reis tratou do fenômeno do neofascismo, que, no entendimento dele, é mundial. Ele abordou a tentativa de assassinato de vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na semana passada.
O atentado frustrado, segundo divulgou os meios de comunicação, foi produto de “planejamento e acordo prévio” entre o agressor e a namorada dela, segundo o documento judicial de indiciamento divulgado na última quarta-feira (7).
O coordenador-geral da Contee também abordou o plebiscito no Chile, em que 2/3 da população disse “não” ao texto constitucional elaborado pela Assembleia Constituinte do país. Com isso, a Constituição conservadora e neoliberal da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) continuará vigente.
Foram 62% de votos válidos para o Rechazo (“Rejeito”) e 38% para o Apruebo (“Aprovo”). Pouco mais de 11,2 milhões de pessoas participaram da histórica votação.
O presidente chileno, Gabriel Boric, que tomou posse em 2021 com a bandeira da nova Constituição, reconheceu a derrota. Antes mesmo da votação, Boric, em nome de “mais democracia”, falava em “unidade nacional”.
Em mais de quatro décadas, esta foi a grande oportunidade de eliminar os entulhos remanescentes da ditadura chilena. A atual Constituição, promulgada em 1980, entregou à iniciativa privada o controle de áreas sociais, como saúde, educação e previdência social. Ao sancioná-la, Pinochet converteu o Chile num dos mais avançados laboratórios do neoliberalismo.
Na análise apresentada ao coletivo, Gilson também mencionou a guerra na Europa, entre Rússia e Ucrânia, que aguçou a crise econômica na região, com aumento da inflação, recessão econômica e problemas de natureza geopolítica.
Há ainda, na região, a reabilitação do extremismo de direita, com ascensão do neofascismo e a radicalização do ultraneoliberalismo, que nada mais é que o fascismo manifestado na economia.
Eleições 2022
No plano da conjuntura nacional, as eleições de outubro foram o centro do debate. Na avaliação de Gilson Reis, a contenda caminha para polarização maior. Ele citou novo episódio trágico ocorrido no Mato Grosso, com o assassinato de Benedito Cardoso dos Santos, de 42 anos, na noite da última quarta-feira (7). Santos foi vítima de golpes de faca e machado, durante discussão por questões políticas. Ele era apoiador do candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O autor do crime, Rafael Silva de Oliveira, de 22 anos, é apoiador do atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). As informações são da Polícia Civil.
As chamadas fake news não foram esquecidas no debate da Executiva. Circulam aos borbotões e, segundo o coordenador-geral, por mais que se tente, não é possível combatê-las de forma eficaz. Foi abordado, ainda, que a ação de Bolsonaro dia 7 de setembro não foi de chefe de Estado, mas de candidato que disputa a reeleição.
Toda a ação de Bolsonaro teve o propósito, segundo Gilson, de coesionar a base militante de Bolsonaro, que é massiva e mobilizada. Isso foi demonstrado nas manifestações do 7 de setembro, capturado pelo chefe do Executivo, que usou as comemorações do Bicentenário da Independência, data cívico-histórica, para fazer campanha eleitoral.
Vitória de Lula
De modo geral, todos os representantes sindicais que falaram depois da análise de conjuntura do coordenador-geral concordaram com as premissas elencadas. O coordenador da Secretaria de Comunicação, Alan Francisco de Carvalho, acrescentou que Bolsonaro usou, sem cerimônias, a estrutura do governo, ou seja, recursos públicos, para se promover eleitoralmente.
Otimismo. Esta foi a manifestação do coordenador da Secretaria de Organização Sindical, Relações de Trabalho, Relações Institucionais e Juventude, Elson Paiva. Ele avalia que vai haver migração de votos, ainda antes do dia 2 de outubro, de Ciro Gomes (PDT) para Lula, o que permitiria, segundo o dirigente, vitória do petista no primeiro turno.
A coordenadora da Secretaria-Geral, Madalena Guasco Peixoto, defendeu que é preciso radicalizar o discurso e os argumentos — como, por exemplo, sobre a inflação —, com vistas a responder os principais problemas relacionados à economia.
Rodrigo de Paula, coordenador da Secretaria de Finanças da Contee, chamou a atenção para o fato de que “o fascismo está mais vivo do que nunca”. “Não se pode subestimar a força [eleitoral] de Bolsonaro”, ponderou.
Congresso da CEA
Concluída a discussão sobre a conjuntura e a disputa eleitoral, a Diretoria Executiva da Contee tratou de demandas da Secretaria de Relações Internacionais.
O primeiro ponto de pauta, levantado pela coordenadora da pasta, Cristinas Castro, foi a participação da Contee no congresso eleitoral da CEA (Confederação dos Educadores Americanos), nos dias 16 a 18 de novembro, no Panamá.
Também foi debatida a possibilidade de a Contee participar de atividade de formação da CPLP-SE (Confederação Sindical da Educação dos Países de Língua Portuguesa) em Guiné-Bissau.
Sobre esses dois tópicos, a Executiva aprovou que Gilson Reis e Cristina Castro representem a Contee, como delegados, no congresso da CEA. Entidades filiadas também poderão enviar participantes.
17 de agosto
O último ponto de pauta desta sexta-feira foi a avaliação das ações realizadas no último 17 de agosto, Dia Nacional de Mobilização e Luta dos trabalhadores da educação privada, convocado pela Contee.
Dando ênfase os casos de São Paulo e do Rio de Janeiro, o coordenador-geral da Contee destacou que “tivemos um conjunto de ações e manifestações, talvez não da envergadura que gostaríamos — até pelo contexto das eleições —, mas inauguramos uma nova fase, de um envolvimento cada vez maior da Contee nas negociações nacionais”.
Para Elson Paiva, coordenador da Secretaria de Organização Sindical, Relações de Trabalho, Relações Institucionais e Juventude, o 17 de agosto “foi um ótimo tiro que a gente deu, porque retomamos um processo de mobilização da categoria”. “No Rio de Janeiro, foi a mola para fazer avançar a negociação.”
A Executiva confirmou reunião presencial da Diretoria Plena da Contee no dia 6 de outubro, em São Paulo, no auditório do SinproSP.
Marcos Verlaine e Táscia Souza