Em 2016, país teve mais greves contra demissões e falta de pagamento, diz Dieese
São Paulo – O número de greves no país atingiu 2.093 no ano passado, a maioria (53%) no setor público, segundo levantamento do Dieese. O instituto avalia que o cenário favorável da economia propiciou um período de aumento de paralisações de 2012 a 2015, atingindo mais categorias, na medida em que os trabalhadores apostavam na continuidade do momento positivo. Já em 2016 a piora recente da economia teve impacto no movimento sindical, “mas, talvez, a dimensão exata dessas alterações seja apreensível de maneira mais segura somente daqui a alguns anos”.
De imediato, se constata que as greves passam a ocorrer “no campo do imediato, do urgente”, contra demissões e atraso no pagamento de salários. No período anteriores, mais do que indicadores favoráveis o ritmo de greves aumentou devido a uma “percepção de futuro” mais positiva. De 2012 para 2013, por exemplo, o número de paralisações subiu de 877 para 2.050.
Um sinal da possível mudança de perfil está no fato de que 81% das greves em 2016 foram defensivas, contra descumprimento de direitos e/ou por manutenção das condições vigentes. As greves com as chamadas reivindicações propositivas, para melhorar condições de trabalho, estiveram presentes em pouco mais de um terço dos casos. Em 38,5% das paralisações, a principal reivindicação era regularização do pagamento – e mais 10% reclamavam de atraso no 13º salário.
Apenas no setor privado, o atraso de salário era a principal reivindicação (52,5%). O protesto contra falta de pagamento do 13º motivou 15% das paralisações e contra demissões, 8,1%.
A maioria das greves no setor privado foi do setor de serviços, 71% do total. E 28% se concentrou na indústria. “É importante ressaltar que parte expressiva dos trabalhadores em serviços atuam como terceirizados; ou seja, são contratados por empresas que vendem serviços a outras empresa”, observa o Dieese.
De um total de 864 greves em que foi possível constatar o resultado, 80% tiveram atendimento total (34%) ou parcial (46%) das reivindicações. Nas demais, as negociações prosseguiram ou a pauta foi rejeitada.
Das 2.093 greves apuradas em 2016, 1.100 foram no setor público (sendo 66% nos municípios) e 986, no privado, com outras sete envolvendo as duas áreas. O total de horas paradas chegou a 140.214 – 74% na esfera pública.
Quase 30% das paralisações foram de “advertência” e dois terços, por tempo indeterminado. Pouco menos da metade (47%) tiveram duração de até um dia, 25% de dois a cinco dias e 18%, mais de 10 dias. De 572 greves em que foi possível obter esse dado, 53% tinham até 200 trabalhadores envolvidos. Apenas 2% tinham mais de 5 mil.