Empresários da educação elogiam programas do governo e pedem mais
Reunidos no 13° Fórum Nacional do Ensino Superior Privado, empresários e representantes de mantenedoras defendem a ampliação das políticas de financiamento, como Programa Universidade para Todos (ProUni) e Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). Para eles, o aprofundamento deste modelo é fundamental para a garantia de seus lucros, já que nos últimos anos houve uma redução do ritmo de crescimento das matrículas.
Mais de 400 empresários e representantes de mantenedoras se reuniram nos dias 29 e 30 no 13° Fórum Nacional do Ensino Superior Privado para debater as perspectivas do setor no próximo período. Entre autoelogios e críticas ao movimento estudantil chileno, eles chegaram a um consenso: bom para eles, mesmo, é a ampliação das políticas de financiamento, como Programa Universidade para Todos (ProUni) e Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies).
O encontro de gala, num hotel localizado perto da avenida Paulista, exibiu as cifras do bem-sucedido setor, que só em 2009 teve um faturamento de R$ 29 bilhões. Nos discursos, estava o reconhecimento do grande momento vivido pela educação privada depois da aprovação da Lei de Diretrizes e Bases, em 1996, durante governo de Fernando Henrique Cardoso.
A expansão das matrículas foi impulsionada posteriormente por programas como o Fies, do governo Lula. Por esse programa, o estudante das instituições privadas paga sua matrícula depois de se formar. O Estado brasileiro é o seu fiador.
O fato de o governo ter assumido todos os riscos do financiamento educacional é elogiado pelos empresários. Na opinião deles, o aprofundamento deste modelo é fundamental para a garantia de seus lucros, já que nos últimos anos houve uma redução do ritmo de crescimento das matrículas.
Antes do início de uma das palestras, uma ilustrativa pesquisa foi respondida pela plateia. Perguntada sobre como garantir a expansão das matrículas do ensino superior, 47% apontou para as política de financiamento estudantil e outros 49%, por meio de subsídios direto às universidades privadas. Apenas 4% se arriscou em defender a expansão pelo ensino público. “Não podemos ter o financiamento estudantil como única fonte. No Brasil, isso é mínimo”, disse em seguida o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), Hermes Ferreira.
Segundo informações da assessoria do Ministério da Educação, 107 mil contratos do Fies foram assinados até setembro deste ano. O aumento considerável, se comparado aos 75 mil feitos em 2010, se deve às mudanças realizadas no programa, flexibilizando as regras do empréstimo. O MEC também afirma, no Censo de 2009, que de cada dez estudantes do ensino superior privado, três são bolsistas. Destes, 82,5% são de programas reembolsáveis como o Fies.
A preocupação dos empresários também se deve à fragilidade financeira demonstrada pelas chamadas classes C e D, as que mais se inseriram na universidade particular no último período. Insaciáveis, os mantenedores das privadas preferem um setor menos regulamentado para facilitar a abertura de vagas no ensino à distância e no ensino técnico.
Chile
Para o palestrante Fábio Garcia, diretor de Operações do Centro universitário Salesiano de São Paulo, o Chile é um modelo, quando se fala na descentralização e desburocratização do seu sistema de ensino. O movimento estudantil chileno, não. Garcia foi farto em elogios ao sistema privatizado daquele país, e também pródigo em críticas aos estudantes que estão nas ruas desde março deste ano.
A referência ao país se dá exatamente por esses dois aspectos, já que o modelo educacional chileno – em profunda crise -, está estruturado no sistema de créditos estudantis. “O sistema cresceu, o crédito não acompanhou e os estudantes foram pra rua”, reconhece Fábio, para dizer em seguida que a pauta de reinvindicações estudantis são muito “ideológicas” e “doutrinárias”.
O temor com o não pagamento das dívidas de mensalidades, apesar da admiração à total prioridade dos últimos governos chilenos com o ensino pago (no país, até as universidades públicas cobram mensalidades), faz com que os empresários prefiram o modelo brasileiro. “Já li que o governo chileno quer visitar o Brasil pra conhecer o Prouni e o Fies, para aperfeiçoar a política de financiamento”, conta o diretor.
O diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, argumenta que o sistema de créditos dos bancos privados na educação são caros pois, diferente de outras mercadorias, ela não pode ser devolvida em caso de não cumprimento do pagamento.
“Então o governo realmente tem que entrar nesta história com financiamento subsidiado, como uma política de Estado mesmo”, sugere aos chilenos. Palavra de quem tem certeza de que a educação é um bom negócio. Ainda mais com a ajuda do Estado.
Da parte do governo, a reivindicação dos empresários, de mais financiamento para a Saúde, terá que chegar pelo correio. O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa, não foi.
Fonte: Carta Maior