Enquanto fome avança, número de bilionários cresce no Brasil, e seu patrimônio dobra

Número de super ricos no país saltou 44% – de 45, em 2020, para 65, em 2021. Juntos, eles detêm 219,1 bilhões de dólares

A revista Forbes divulgou nesta terça-feira (6) o ranking dos Bilionários do Mundo de 2021. A lista, divulgada em meio à crise generalizada provocada pela pandemia de Covid-19, traz mais nomes do que a do ano anterior, tanto no mundo quanto no Brasil.

No mundo, o salto foi de 660 novos bilionários, com 2.755 compondo a lista. Esse pequeno grupo concentra 13,1 trilhões de dólares (R$ 73,46 trilhões, aproximadamente) da riqueza global. Isso é quase dez vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

O mais assustador é que houve um crescimento de 5 trilhões de dólares no montante acumulado pelos super ricos durante a pandemia. Segundo matéria publicada pelo editor da própria Forbes, Randall Lane, “esses números irão gerar uma quantidade infinita de consternação, a maioria delas justificada”.

“Não há como evitar um aumento de riqueza coletiva de US$ 5 trilhões durante uma pandemia, quando a maior parte do mundo se sentia assustada, doente, sitiada. O capitalismo, o maior sistema de geração de prosperidade de todos os tempos, repousa sobre um pacto social de expansão, de design desigual, em última análise, levantando todos os barcos. A economia da Covid-19 sobrecarregou esse conceito; a disparidade econômica crescente representa, sem dúvida, a maior ameaça à ordem social moderna”, afirma.

No Brasil, o número de bilionários saltou 44% – de 45, em 2020, para 65, em 2021. Juntos, eles detêm 219,1 bilhões de dólares, aproximadamente R$ 1,2 trilhão – quase o PIB do país. No período pandêmico, essa riqueza quase dobrou; eram 127,1 bilhões de dólares no ano passado. A subida foi de 71%.

Esse aumento de acúmulo de riqueza contrasta com ao avanço da fome em um país que se recusa a implementar um auxílio emergencial pujante. O estudo Insegurança Alimentar e Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan), mostra que a segurança alimentar brasileira caiu para apenas 44,8% em 2020 – era de 77,1% em 2013. A insegurança alimentar (leve, moderada ou grave) chega a 55%.

A pandemia ajudou a agravar o quadro, mas os rumos econômicos do país – principalmente desde o golpe de 2016 – ajudaram o Brasil a seguir esse rumo de aumento da fome enquanto os bilionários ficam mais ricos.

Os mais ricos

O topo do ranking brasileiro é ocupado por Jorge Paulo Lemann e família, com 16,9 bilhões de dólares. No mundo, segue Jeff Bezos, com seus 177 bilhões de dólares.

Quem são os 15 maiores bilionários do Brasil

1 – Jorge Paulo Lemann e família (AB InBev) – US$ 16,9 bilhões
2 – Eduardo Saverin (Facebook) –  US$ 14,6 bilhões
3 – Marcel Herrmann Telles (AB InBev) – US$ 11,5 bilhões
4 – Jorge Moll Filho e família (Rede D’Or) – US$ 11,3 bilhões
5 – Carlos Alberto Sicupira e família (AB InBev) – US$ 8,7 bilhões
6 – Vicky Safra (Banco Safra) – US$ 7,4 bilhões
7 – Família Safra (Banco Safra) – US$ 7,1 bilhões
8 – Alexandre Behring (3G Capital) – US$ 7 bilhões
9 – Dulce Pugliese de Godoy Bueno (Amil) – US$ 6 bilhões
10 – Alceu Elias Feldmann (Fertipar) – US$ 5,4 bilhões
11 – Luiza Trajano (Magazine Luiza) – US$ 5,3 bilhões
12 – David Vélez (NuBank) – US$ 5,2 bilhões
13 – Luis Frias (PagSeguro Digital) – US$ 4,6 bilhões
14 – André Esteves (Pactual) – US$ 4,5 bilhões
15 – Cândido Pinheiro Koren de Lima (Grupo Hapvida) – US$ 3,7 bilhões

Brasil de Fato

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