Enquanto o povo quer diretas, Fiesp quer manter Temer e fazer reformas
Pesquisa Datafolha divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, no sábado (24), aponta que a maioria dos brasileiros quer a saída de Michel Temer, sendo que 76% da população querem sua renúncia e 81% defendem o impeachment. A pesquisa indica também que 83% dos entrevistados querem a convocação de eleições diretas para presidente.
ntem (26), Temer disse durante solenidade no Palácio do Planalto que nada nem “ninguém o destruirá”. Já o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, endossou o coro afirmando que o Brasil precisa de tranquilidade neste momento, pois para ele, “falta pouco para o governo acabar”.
Ao que tudo indica, essa é a tese que Temer está vendendo aos seus aliados para permanecer no governo. Segundo Occhi, “o Brasil precisa de um pouco de tranquilidade”.
“Tranquilidade da população, do Judiciário, do Ministério Público, de todo mundo”, completou ele. A estratégia dos aliados do governo é dizer que Temer é a única alternativa e, portanto, mesmo sem moral e sem o apoio popular para permanecer no governo, não há outra saída.
Essa é a tese comprada pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, que disse que o empresariado prefere continuar com Michel Temer no Palácio do Planalto, mesmo após as acusações de corrupção levantadas pela delação de Joesley Batista, da JBS.
“O processo de escolha de um novo governo demoraria meses, até o final deste ano, para depois no ano que vem já termos campanha para as eleições”, disse Andrade. A entidade foi uma das responsáveis pela campanha em defesa do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Ele disse ainda que os empresários não querem mais “turbulência” e que “é melhor seguir e fazer a transição no país”. Apesar dos 14 milhões e desempregados e do desaquecimento da indústria, Andrade diz que a economia se descolou da crise política.
Enquanto tenta desarmar a campanha pelo Fora Temer e Diretas Já, os empresários – principais fiadores do golpe contra a democracia – tentam armar uma forma de emplacar a reforma política que atende aos seus interesses.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), dirigida por Paulo Skaf (PMDB-SP), realizou seminário com a presença dos presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o senador e relator da reforma política no Senado, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), além de especialistas para discutir a reforma política.
Às vésperas do impeachment, a Fiesp lançou a campanha “Não vou pagar o pato”, espalhando pato inflável pelo país sob o falso pretexto de campanha contra o aumento de impostos que serviu apenas para insuflar a campanha de ódio contra Dilma e financiar o golpe.
Efetivado o impeachment, Temer seguiu a cartilha dos setores empresariais mais conservadores e impôs uma agenda de retrocessos com congelamento dos investimentos públicos, entrega do patrimônio nacional – principalmente da Petrobras – e o envio das reformas trabalhista e previdenciária, que retiram direitos dos trabalhadores.
Agora, a Fiesp, que defende o financiamento empresarial de campanhas eleitorais – principal causa da crise no sistema eleitoral que deu origem à Operação Lava Jato –, quer demonstrar o seu descontentamento com o ambiente político e puxa o coro, não pelas eleições diretas para o povo decidir, mas da “Reforma Política Já”.
Os patrões reclamam por mudanças no tamanho e no financiamento de campanhas eleitorais, do custo de manutenção do Congresso e mudanças de processo de eleição, como a cláusula de barreira, o voto obrigatório e as coligações.
“Ninguém mais duvida que o sistema político brasileiro precise mudar profundamente. Esse sistema está na raiz das crises a que temos assistido, indignados, e que têm paralisado o país, atrapalhado a retomada do crescimento e a volta dos empregos”, diz a nota do grupo presidido por Paulo Skaf.
Do Portal Vermelho, Dayane Santos com informações de agências