Escândalo das vacinas: Brasil foi humilhado por Bolsonaro, diz Humberto
“Enquanto o Brasil chorava seus mortos por conta da Covid-19, negacionistas conduziam reiteradas atividades criminosas contra a saúde pública, manipulando dados”, denuncia o senador petista
O Brasil foi humilhado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro com o escândalo da alteração dos dados de cartões de vacina, quando seis pessoas foram presas por adulterar dados no sistema de vacinação do país. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (3) pelo senador Humberto Costa (PT-PE).
A nova atividade criminosa envolvendo Bolsonaro, sua família e assessores próximos foi desarticulada em operação realizada hoje pela Polícia Federal. Entre os presos, está um dos seus seguranças, Sérgio Cordeiro, e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, braço direito do ex-presidente e que também interferiu para a liberação de joias ilegais vindas da Arábia Saudita.
A denúncia é de que Cid e outras cinco pessoas estariam envolvidas na violação do ConectaSus – sistema que, entre outras funcionalidades, registra as vacinas contra a Covid-19 aplicadas no país. O objetivo seria adulterar dados do presidente, de sua filha de apenas 12 anos e de assessores e familiares para que pudessem entrar nos Estados Unidos.
“O país precisa de uma apuração rigorosa de todos os crimes cometidos por esse grupo. Os próprios Estados Unidos devem banir da entrada do seu território envolvidos nesse tipo de delinquência transfronteiriça”, disse Humberto.
De acordo com a Polícia Federal, que também apreendeu o celular de Bolsonaro, os crimes praticados pelo grupo envolvem falsidade ideológica, corrupção de menores e fraude documental.
“Tudo isso sob investigação, mas, também, o encontro fortuito de provas na operação da PF e celular do ex-presidente. Provas essas que podem desvelar novos crimes”, afirmou o parlamentar petista.
Para o senador, o episódio humilha a memória das vítimas da pandemia de Covid-19 no país, bem como a todo o povo brasileiro.
“O Brasil sai humilhado deste episódio. Mais do que ele, a memória de 700 mil vítimas fatais da Covid, bem como todo o nosso povo, que enfrentou o pânico desta terrível pandemia, enquanto o então presidente da República cometia crimes contra a saúde pública, expondo deliberadamente ao risco milhões de cidadãos e atuando, inclusive, para fraudar o sistema de registro de população vacinada”, disse.
Roteiro do escândalo
Bolsonaro foi acordado ainda cedo pela Polícia Federal com mandado de busca e apreensão. Apesar de não ter recebido mandado de prisão, ele se recusou a prestar depoimento na PF nesta quarta.
Em declaração à imprensa, o ex-presidente disse nunca ter tomado a vacina contra a Covid-19 e nem ter apresentado o comprovante para entrar nos Estados Unidos. No entanto, consta no SUS que ele foi vacinado em junho de 2021, com dose única.
Mais: as informações falsas ficaram no ar por alguns dias de dezembro. Neste período, logo após a inclusão das informações fraudulentas no sistema, o aplicativo do SUS registrou duas emissões do cartão de vacina na conta do ex-presidente e uma emissão do cartão de sua filha, às vésperas da viagem da família aos Estados Unidos, no final de dezembro. Em seguida, os dados foram apagados do sistema.
Na casa de Mauro Cid, a PF apreendeu certificados falsos de vacinação e grandes quantias de dinheiro em espécie – US$ 35 mil e R$ 16 mil.
Também foi alvo da operação o ex-vereador do Rio de Janeiro Marcello Siciliano, um dos investigados no caso Marielle Franco e até pouco tempo colega na Câmara do filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro, apontado como chefe do gabinete do ódio montado pelo governo anterior.