Estudo aponta avanço do trabalho doméstico ainda mais precarizado

Estudo divulgado pela OXFAM Brasil – “Empoderamento econômico das mulheres no Brasil pela valorização do trabalho doméstico e do cuidado” – na última semana indica o trabalho doméstico avançou, mas junto com ele também avançou o retrocesso social e a precarização.

A economista Marilane Teixeira, autora do estudo, ressalta em entrevista a Rádio RBA, que a separação feita entre a produção econômica do trabalho doméstico e a sua reprodução social, como a ausência de remuneração adequada, é “conveniente” ao próprio sistema capitalista. “O estudo tem um pouco o sentido de explicitar isso, com a perspectiva de que a sociedade assuma o tema dos cuidados como uma política pública e como responsabilidade de homens, mulheres e do Estado”, justifica Marilane, doutora em desenvolvimento econômico e pesquisadora na área de relações de trabalho e gênero.

“As crises, os ajustamentos, são feitos com base no trabalho gratuito das mulheres”, aponta a autora, recomendando o investimento na saúde e educação como uma forma para superar a desvalorização e precarização do trabalho doméstico.

O estudo também aponta a ampliação da desigualdade por recorte de cor. O gráfico abaixo mostra que, após o golpe de 2016, foram as mulheres negras as mais prejudicadas.

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A mulher na economia brasileira

Com o estudo, a entidade propõe uma avaliação mais aprofundada da importância do trabalho da mulher na economia brasileira. E lembra que “em um país em que elas somam 50,7% de uma população de quase 210 milhões de habitantes, tudo que sabemos é que as estatísticas a respeito de sua participação nas ocupações ou profissões mais valorizadas em nada se parecem com a sua representatividade geográfica”.

Com destaque, acrescenta o relatório, para a presença da mulher nos espaço de poder e decisão. Em 2017, elas somaram 10,5% dos parlamentares na Câmara de Deputados e 16% no Senado Federal.

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Desigualdade no setor privado

No setor privado essa minoria se repete, ainda que elas tenham alcançado um nível educacional superior ao dos homens. O estudo explica que “parte da explicação sobre a desigualdade de gênero advém de uma histórica percepção da sociedade de que cabe às mulheres a responsabilidade de realizar os trabalhos domésticos e de cuidar de familiares, sobretudo crianças e idosos. No Brasil, 21,7% da população tem até 14 anos de idade; 69,5% tem entre 15 e 64 anos; e 8,7% tem 65 anos ou mais de idade. Pelas estimativas do IBGE, essa última faixa etária corresponderá a 13% dos brasileiros em 2030”.

Ruptura em 2003

Após anos de luta, foi somente em 2003 e constatamos um mudança no Estado sobre as demandas especificidades mulheres brasileiras. Com sua maior expressão na criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), voltada ao desenvolvimento de ações conjuntas com todos os ministérios e secretarias especiais do governo federal.

Portal CTB – Com informações das agências

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