Executiva debate quadro político-eleitoral e prepara reunião da Diretoria Plena
Reunida nesta quarta-feira, 24, a Diretoria Executiva da Contee abordou o cenário político que antecede as eleições gerais do ano que vem; tratou das campanhas salariais desenvolvidas em 2021 e os desafios para 2022; apontou medidas para a realização exitosa da Conferência Nacional Popular de Educação (Conape), que terá plenária final em Natal (RN) em junho; dentre outras atividades que serão deliberadas na reunião da Diretoria Plena, na próxima sexta-feira, 26.
Ao analisar a conjuntura político-eleitoral brasileira, o coordenador-geral Gilson Reis chamou a atenção para a mudança do cenário político produzida pelo ingresso na disputa presidencial de 2022 do ex-juiz federal Sérgio Moro.
Moro já aparece em pesquisas, em 3º lugar, à frente do candidato do PDT, Ciro Gomes. Ciro ocupou essa posição por muito tempo, e Moro chega, logo em seguida à colocação da candidatura dele pelo Podemos e desbanca o pedetista.
Reis também chamou a atenção para a crise do PSDB, cujas prévias expuseram as fragilidades do partido, com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, não reconhecendo os resultados das prévias internas.
Sobre o papel da oposição, Reis entende que é preciso definir caminhos claros visando as eleições próximas. Ele chamou a atenção para as federações partidárias, que poderão ser a novidade do pleito.
A direita procura construir candidatura competitiva, por isso examina vários nomes. Mas caso não consiga viabilizar essa candidatura, não terão problemas de ir novamente com Bolsonaro. A despeito de o mandato do presidente da República ser o caos, a elite econômica, em particular o setor financeiro, nada perdeu. Ao contrário.
Crise brasileira
As eleições próximas se darão sob profunda crise política, econômica e social. O País já está sob estagflação, com desemprego robusto, inflação alta e carestia dos alimentos, sobretudo o básico, dos preços – fornecimento de água, energia e combustível.
Os problemas sociais se aprofundam. Todavia, a candidatura de Bolsonaro pode se colocar com mais robustez, com a aprovação do Auxílio Brasil pelo Congresso Nacional, que substituiu o Programa Bolsa Família (PBF).
O PBF atendia 39 milhões de brasileiros, com média de R$ 180 mensais. O Auxílio Brasil vai atender 17 milhões de beneficiários, com entre R$ 217 e R$ 417. Ou seja, entre 22 e 25 milhões pessoas sob fragilidade social ficarão de fora do novo programa de transferência de renda.
Quadro internacional
Ao abrir a reunião, o coordenador-geral destacou dois aspectos do cenário internacional, que tem rebatimento no nacional: a viagem de Lula à Europa e as eleições no Chile.
Lula, segundo Reis, teve agenda de chefe de Estado nos países europeus que visitou. A viagem ganhou dimensão que a mídia nacional não esperava. Diante disso, foi obrigada a mediar e publicizar.
Os resultados parciais das eleições no Chile trouxeram surpresas. A extrema direita vai ao 2º turno na frente do campo progressista. Em que pese as grandes mobilizações que antecederam o pleito, e o próprio processo constituinte, o campo popular e progressista perdeu na primeira fase eleitoral.
No Chile, o voto não é obrigatório, e a massa jovem do país não compareceu para votar. O que ocorreu?
A extrema direita, o neofascismo vão ao 2º turno, com a esquerda correndo atrás. Isso mostra que àqueles setores se rearticularam para fazer a disputa eleitoral.
Isso alerta que a extrema direita, também no Brasil, não está batida, que a disputa por aqui não será um maná, como alguns setores da esquerda idealizam, e que algum resultado positivo para o campo não ser antecipada sem profunda análise da realidade.
Marcos Verlaine e Carlos Pompe