Fepesp: Reabertura apressada de escolas e a contaminação de educadores
Quando a notícia não agrada, não adianta sair em busca de um culpado para justificar o que não deu certo
Esta semana, mais de cinquenta profissionais de educação são afastados de suas funções em escolas públicas por conta de contaminação pelo novo coronavírus, 17 professores passam por testes em escola particular com suspeita de contaminação, vários colégios da rede privada fecham novamente por falta de segurança sanitária – e a culpa, julga a secretaria de Educação de São Paulo, é apontada para estudantes que foram a uma festa, contraíram o vírus com a aglomeração indevida e o levaram para a escola contaminando funcionários e professores.
Essa é uma inversão grosseira dos fatos e a Fepesp e seus sindicatos integrantes já haviam advertido sobre o perigo de uma volta precipitada às aulas no estado.
A liberação para aulas de reforço no início de novembro mal encobriu a reabertura apressada de escolas antes que a pandemia fosse controlada ou que os protocolos para acolhimento de estudantes, professores e funcionários tivessem sua eficácia comprovada. Procurando minimizar irresponsavelmente a ameaça à saúde pública, o governo estadual e muitos governos municipais se eximiram de educar a população ou foram omissos no controle da contaminação.
Culpar ‘festas’ pelo problema nas escolas equivale a apontar o mensageiro como responsável pela má notícia na mensagem.
Com as escolas reabertas, ocorreu o esperado – contaminação da comunidade escolar – em um quadro ainda mais complicado com o aumento do número de casos nos últimos dias. A curva do contágio voltou a subir e o governo já não sabe o que fazer para evitar que a situação piore ainda mais.
Nossa recomendação ainda permanece: os educadores devem ser ouvidos sobre qualquer iniciativa de volta às aulas. As escolas só devem ser reabertas quando houver segurança quanto ao controle do vírus – na cidade e nas escolas.