Fórum Social Mundial 2013 acontecerá em Tunis de 23 a 28 de março
O Conselho Internacional (CI) do Fórum Social Mundial (FSM) se encontrou de 15 a 17 de julho em Monastir, Tunísia, para debater a nova dinâmica social e política mundial com o surgimento de movimentos de resistência em diferentes partes do globo, conversar sobre a organização da próxima edição do FSM, o futuro do CI e o processo do fórum. Na oportunidade, foi anunciado que o próximo FSM acontecerá de 23 a 28 de março de 2013, em Tunis, capital da Tunísia.
Ano passado, a África do Norte foi escolhida para realização do evento, com o fim de aprofundar a relação do processo do fórum com novos atores sociais no mundo e com a dinâmica do mundo árabe e suas revoluções, iniciadas no final de 2010. Egito e Tunísia (primeiro país a derrotar sua ditadura, de Ben Ali) foram cogitados, mas o CI avaliou que a situação está mais controlada e calma na Tunísia, apesar de não totalmente estável, explicou Damien Hazard, da diretoria executiva da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong).
Ele ressalta que o país quer estimular o turismo para sustentar sua economia. A expectativa política agora é sobre de eleições locais no ano que vem, no qual a sociedade civil está engajada. A previsão era para março, mas o governo não está preparado, “e a realização do FSM em Tunis deve contribuir para adiar a data das eleições, segundo o primeiro ministro em audiência com uma comissão do CI”.
Os eventos
A reunião teve a presença de novos atores mobilizados contra o neoliberalismo, que ajudou a dinamizar o CI e dar consistência ao relacionamento do processo FSM com os movimentos. Participaram atores sociais das regiões do Magreb e Mashreq.
Representantes de outros países da África, Ásia, América Latina, Europa e América do Norte também estiveram presentes. Teve destaque nos eventos as vozes dos movimentos do Québec, Occupy Wall Streetdos EUA; Y´en a marre! do Senegal (em tradução livre: “Basta, poxa!”), do povo Sahraoui da região sub-sahariana do Marrocos, da juventude tunisiana, de artistas da região e dos movimentos de mulheres. Do Brasil, participaram o Grupo de Articulação Política (Grap), CUT, Ciranda, União Brasileira de Mulheres, escritório do FSM e Abong.
Foram criados grupos de trabalho compostos por pessoas da Tunísia e região, e por representantes internacionais. Também foi criada uma comissão para a realização da próxima reunião do Conselho e outra para analisar o processo do FSM, do CI e de suas diversas instâncias.
Assembleia preparatória
Em Monastir também aconteceu a assembleia preparatória da região de Magreb-Mashreq, entre 12 e 14 de julho. Magreb inclui os países do Norte da África: Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia e parte da Mauritânia e do Saara Ocidental. O Mashreq é o prolongamento do Magreb para o leste, ou seja, para parte do oriente médio e da península arábica. Inclui o Egito, Jordânia, Líbano, Palestina, Síria, Arábia Saudita, Sudan, Iraque, Catar, Barein, Oman, Kuwait e Emirados Árabes.
A programação da assembleia começou no Forte Ribat. A abertura contou com discursos de movimentos da região, atuações de jovens grafiteiras/os tunisianos e música regional. Nos dias 13 e 14 foram realizadas oficinas temáticas.
As oficinas foram seguidas de debates e plenárias. Nestas, as principais questões debatidas foram a conjuntura após os levantes populares na região, os conflitos ainda existentes em países como Síria e Iêmen, o islã político, os casos da Palestina e do povo sahraoui da região sub-sahariana, o modelo extrativista, o acesso a recursos para população, a violência e a tortura contra defensores de direitos humanos e as migrações (principalmente entre África e Europa).
Fonte: Adital, com informações da Abong