Fracassam atos de Bolsonaro pelos 58 anos da marcha golpista de 1964

Ele teve que cancelar participação no ato em Brasília por falta de público. Só 50 gatos pingados nos Três Poderes e algumas dezenas em Porto Alegre. Sem ter o que fazer, viúvas da ditadura se dispersaram desanimadas

Convocadas com toda a pompa, as manifestações pelos 58 anos da marcha golpista de 1964, que ajudou a derrubar o governo de João Goulart, e em apoio a Bolsonaro, fracassaram neste domingo. O “mito” teve que cancelar sua participação na Praça dos Três Poderes porque só havia cerca de cinquenta pessoas na manifestação.

PRAÇA DOS TRÊS PODERES FICOU VAZIA

Uma estrutura havia sido montada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), mas após o fiasco e o cancelamento da participação de Bolsonaro (PL), os manifestantes desanimaram ainda mais e começaram a se dispersar.

Muitas faixas e pouco público em Brasília (reprodução)
O ato em apoio a Bolsonaro foi convocado pela Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil e a Marcha da Família Cristã pela Liberdade e estava programado para ocorrer em pelo menos 11 cidades, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Na capital o grupo trazia faixas contra o STF. Sem público eles entoaram cantos em apoio ao chefe do Executivo, fizeram orações e reclamaram dos ministros do Supremo.

DESGASTE POLÍTICO DE BOLSONARO

Bolsonaro anda bastante desgastado com a explosão dos preços dos combustíveis, o desemprego e a volta da inflação. O brasileiro não consegue mais encher o tanque do carro e nem garantir alimentos para a família.

Ele autorizou, no dia 11 de março, um aumento de 24,9% no preço do diesel, 18,8% na gasolina e 16,1% no gás de cozinha. O repúdio foi generalizado. O “mito” tenta tirar o corpo fora culpando os outros pela gasolina cara, mas as pessoas sabem que é dele a decisão pelos aumentos.

O fracasso das manifestações bolsonaristas deste domingo é um retrato do desgaste de quem prometeu gasolina a R$ 3,00 e gás de cozinha a R$ 35,00.

Apesar da grande convocação feita pelos bolsonaristas, o público não compareceu. Em Porto Alegre, onde Bolsonaro tinha grande apoio, o ato foi ainda mais melancólico e fraco do que o de Brasília. Algumas dezenas de manifestantes se reuniram em apoio ao governo em frente ao Parque Moinhos de Vento, na capital.

Ato pró-Bolsonaro reuniu algumas dezenas de pessoas em Porto Alegre (reprodução)
Vestidos de verde-amarelo, os seguidores de Jair Bolsonaro e apoiadores da ditadura fizeram falas a favor da família, da religião e da liberdade e contra o uso obrigatório de máscara, a vacinação de crianças contra o coronavírus e a exigência de passaporte vacinal. Também se opuseram à atuação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

EM SÃO PAULO NINGUÉM SABE E NINGUÉM VIU

Em São Paulo, onde eram esperados na Avenida Paulista, o deputado Eduardo Bolsonaro, Ives Gandra Martins, sua filha, a secretária da Família, Ângela Gandra, o príncipe Orleans de Bragança e o fugitivo Allan dos Santos, que vive nos EUA e é esperado no Brasil para ser preso pela Polícia Federal, não se tem notícia da manifestação. No Rio de Janeiro estava programada uma marcha até a casa de Bolsonaro, mas até o fechamento desta reportagem, não havia informações sobre o evento.

HISTÓRICO DA MARCHA GOLPISTA

Em 19 de março de 1964, estimulada pelos entreguistas, a “Marcha” reuniu manifestantes na praça da Sé em São Paulo. Havia na época uma orquestração histérica do monopólio da mídia contra o governo democrático e desenvolvimentista de João Goulart. Eles levaram os manifestantes a enxergarem no governo uma “ameaça comunista”, que não existia.

Goulart não era comunista. Ele, um trabalhista histórico, queria romper as amarras da dependência, melhorar a vida do povo e construir um Brasil mais desenvolvido e próspero. Os setores atrasados do país, ligados aos interesses estrangeiros e parasitários, conseguiram derrubar o governo e submeter as empresas brasileiras aos interesses das corporações estrangeiras, principalmente norte-americanas. A macha de 19 de março de 1964 fez parte das artimanhas golpistas que romperam com a democracia no Brasil.

Hora do Povo

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