Futebol fantástico
Por Anderson Pereira*
Seja bem-vindo, você que nos acompanha neste momento pela internet, rádio ou TV. Estamos no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte — a capital de todos os mineiros. Daqui a pouco, transmitiremos, ao vivo, uma fantástica partida de futebol. Em campo, o Brasil contra o time do Atraso.
O jogo é difícil, mas a seleção brasileira é favorita! O time verde e amarelo está escalado com justiça social, meio ambiente, liberdade, dignidade, direitos trabalhistas, sindicalismo, solidariedade, fraternidade, saúde, socialismo e fé.
O Atraso entra em campo com os jogadores exclusão social, fake news, negacionismo, ditadura militar, trabalho escravo, monopólio da mídia, privatização, aquecimento global, estado mínimo, reforma trabalhista e reforma da Previdência.
Neste momento, a temperatura é agradável, mas, segundo a meteorologia, o clima pode mudar. A previsão é de chuva e ventania. Nas arquibancadas, a torcida grita Brasil, Brasil, Brasil. Atleticanos e cruzeirenses exibem vários cartazes “Fora, Zema”, “Palestina livre” e “Viva a greve dos professores”.
O juiz apita e começa a partida! A seleção brasileira sai jogando pelo lado esquerdo. Opaaa! A Terra plana empurra a ciência para fora do campo. É faaalta contra o Brasil confirmada pelo árbitro de vídeo.
Neste momento, os jogadores do Atraso cercam o árbitro. A ditadura militar não aceita a marcação da falta e agride com violência a democracia. Sobrou até para a vacina! O juiz ignora o lance e autoriza a cobrança da falta. O momento é de grande expectativa.
Golaaaaaço! Gooooolllllllll do Brasiiiiiillllll! Cobrança de falta perfeita da solidariedade. Bola in-de-fen-sá-vel para o goleiro. A torcida comemora, mas o juiz anula o gol. Sim, o gol foi a-nu-la-do. O que é isso, meus amigos? O Brasil segue sem vencer.
Juiz ladrão.
*Anderson Pereira é jornalista